terça-feira, 6 de março de 2012

Prós e Contras: Lutar ou resignar?

Helmut Newton
Não tenho comentado os últimos debates de Prós e Contras, moderados por Fátima Campos Ferreira. Em parte, isso deve-se ao facto de não acreditar no futuro de Portugal. Tal como a modelo desta fotografia de Helmut Newton, que morre de tédio de tanto esperar que aconteça alguma coisa de novo que a desperte da rotina, aborreço-me sempre que vejo portugueses ou ouço as suas intermináveis conversas patéticas. Ontem (5 de Março) o debate Prós e Contras voltou a ser dominado pelo discurso lunático dos gestores, essas tristes figuras destituídas de cultura e de experiência. Fazendo coro com o governo suicida de Passos Coelho, os gestores lunáticos promoveram a emigração como saída para a crise nacional e para o desemprego. O mais sofista deles todos até vai dar uma palestra - a pagar, claro! - para ensinar os jovens portugueses a obter vistos! Outro referiu o avião como o meio de transporte em tempos de crise! Ele não o disse, mas parece que a TAP vai ser financiada pelo governo para dar viagens grátis a todos os emigrantes portugueses! Enfim, em Portugal, ficam apenas os velhinhos a receber magras pensões e os pobrezinhos a comerem-se uns aos outros e a morrerem sozinhos em casa! E, claro, os velhos tubarões e as suas crias burras a engordar à custa do emagrecimento do Estado! (A despolitização dos jovens recém-licenciados é simplesmente chocante! Afinal, onde estão as suas supostas competências e a sua formação excelente? Que escolas são essas que formam indivíduos a-políticos? De uma coisa estou certo: escolas de excelência não são, porque deixar os seus alunos pensar que caíram de pará-quedas na terra é pura incompetência.) Não sei se devemos rir ou chorar: o que sei é que este discurso dos gestores merece figurar nos manuais de psiquiatria. O debate reforçou a minha ideia de Portugal como a terra dos loucos, onde nada de novo acontece, e, quando a racionalidade dos agentes falha, não é possível dialogar com eles: o comentário deverá assumir a forma de uma análise psiquiátrica. Ora, como não acredito no futuro desta terra de loucos, não quero desperdiçar o meu tempo a analisar comportamentos lunáticos. Bem sei que nem todos os participantes eram deslumbrados, mas a sua voz sábia foi silenciada pelo ruído neoliberal dos loucos. Apesar disso, deixo aqui um novo conceito: o neoliberalismo é uma doença psiquiátrica, que, no caso português, pretende fazer marketing de pretensas figuras portuguesas bem-formadas (sic) que arruinaram Portugal. E um desafio: os canais portugueses de televisão deviam poupar os seus públicos da presença de economistas e de gestores. O discurso dos economistas e a prática dos gestores não geram riqueza; pelo contrário, planeiam pobreza. A economia neoliberal deve aglutinar todos os seres pensantes em torno da tarefa da sua desconstrução: as escolas de economia e de gestão são escolas da mentira e do roubo. (Se este governo não for derrubado, Portugal corre o sério risco de perder de novo mais de metade do século XXI: a história repete-se nesta terra capturada por corruptos! Fechar as escolas, fechar os hospitais, suspender a justiça, abolir as forças armadas, diminuir os salários e as reformas, aumentar o tempo de trabalho não-remunerado, privatizar as empresas públicas, pagar os prejuízos privados, gerar o desemprego, fechar as fábricas, antecipar a morte dos portugueses, regressar à assistência social, obrigar a emigrar, enfim, planear a pobreza: eis as anti-políticas deste governo.)

J Francisco Saraiva de Sousa 

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