terça-feira, 27 de setembro de 2011

Prós e Contras: O Desafio

Belo Edifício da Rua de Sá da Bandeira, Porto
Pela primeira vez, Álvaro Santos Pereira, Ministro da Economia deste governo de Passos Coelho, aparece em público para defender as suas políticas económicas. O debate Prós e Contras (26 de Setembro) discutiu o futuro da economia portuguesa, cujo problema essencial neste momento de crise é o seu financiamento. Além do ministro da economia e dos convidados da plateia, estiveram presentes mais três figuras do mundo empresarial: Luís Baptista Coelho (Ceo NDrive), Carlos Moreira da Silva (Cotec) e Cristina Siza Vieira (Associação Hoteleira do Sul). Pretendia fazer uma crítica radical à política de desenvolvimento económico deste governo de Direita, mas, quando escutei o ministro a falar de duas linhas de bitola europeia - Sines-Madrid e Aveiro-Salamanca -, constatei que toda a sua política económica continua a ser feita contra o Porto e o Grande Porto. Luís Baptista Coelho que é um empresário portuense de sistemas de navegação de tecnologia avançada, com sucesso no Brasil, Turquia e França, decidiu deslocar a sua empresa para Silicon Valley (San Francisco), provavelmente para escapar a esta perseguição invejosa movida pela mouraria contra o Porto. De facto, "a tecnologia não tem passaporte", como disse, e aqui no Porto o nosso passaporte é sermos portuenses - e não portugueses, de resto mal-vistos justamente em todo o mundo. Temos de tal modo vergonha da nacionalidade portuguesa que omitimos nos nossos contactos com estrangeiros essa fatalidade peçonhenta: a Marca Porto é a única que assumimos com orgulho. Não se percebe esta decisão irracional de preferir a linha Aveiro-Salamanca à linha mais lucrativa Porto-Vigo, a não ser pela má-fé que move este governo contra o Porto e o Norte. Não vemos como é que a linha Aveiro-Salamanca pode constituir um serviço de alta competitividade, para usar a expressão do ministro e da comissão europeia. (Curiosamente, a burguesia do Porto arruinou-se no passado para construir a ligação ferroviária Porto-Salamanca, para a qual o malvado poder central não contribuiu. O Sul foi sempre-já a causa fundamental do atraso nacional. Essa burguesia portuense de outros tempos deve ser lembrada por todos aqueles que lutam pela autonomia do Norte!) No entanto, o ministro até explanou um pacote de políticas económicas bastante consistente e, nalguns aspectos pontuais, de ruptura interessante com o passado. Quanto ao turismo, defendeu novos conceitos de turismo, em especial o turismo religioso e o turismo de património, que se afastam claramente do turismo do mar e do sol que descaracteriza o Algarve, fazendo dele um potencial buraco orçamental que alimenta empresários hoteleiros sem escrúpulos. Apostar em todas as valências, dando especial destaque às diversas regiões de Portugal e não apenas ao triste e feio Algarve, constitui efectivamente uma boa aposta do governo: Portugal é um país pequeno, como disse Álvaro Santos Pereira, mas possui grande diversidade geográfica susceptível de atrair novos turistas. Além disso, o turismo patrimonial implica uma nova política de reabilitação das grandes cidades, outra boa política. Porém, num momento de crise e de escassez de meios financeiros, essa política deve ser implementada nas cidades que já têm condições para promover esses dois tipos de novos turismos: uma é Lisboa, que já está bem servida, a outra é o Porto. Mas também aqui o ministro revelou o seu ódio pelo Porto que possui - se a memória não me falha - mais de 64 igrejas, para já não falar das capelas. Mas o património portuense não se reduz à arquitectura sacra: o Porto é Património Mundial da Humanidade (UNESCO). Uma vez que não quer ajudar o Porto e o Norte a promover a sua política de desenvolvimento regional, Lisboa deve - se ainda tiver alguma dignidade - negociar com o povo portuense - e tenho a certeza que todo o Norte se alia ao Porto - a sua independência. O Norte, ao contrário do que disse uma figura da plateia, tem o seu próprio turismo da natureza, não só o Douro mas também outras belas regiões, como por exemplo o Gerês. Para os habitantes do Norte que criaram a nação, é muito difícil compreender como a Madeira ultrapassa o Norte em termos de rendimentos: eles sabem que estão a ser sacrificados para sustentar o parasitismo do país improdutivo. Como lembrou um empresário do calçado, Lisboa fez tudo para destruir as indústrias do calçado e têxtil, duas industrias tradicionais do Norte. E hoje, graças ao espírito de iniciativa do Norte, sem a ajuda do Estado-ladrão, são duas indústrias de prestígio internacional que exportam para os melhores mercados do mundo, os mercados exigentes que preparam as empresas para o desafio da competitividade global, enquanto as regiões do sul pouco fazem para contribuir para as exportações nacionais, limitando-se a sacar o que não lhes pertence: o Norte está a ficar mais pobre para sustentar o luxo dos parasitas do sul. Não admira que o desejo pela independência comece a surgir no espírito das pessoas do Norte e a ser ventilado nas conversas privadas, difundindo-se pelas diversas redes sociais. O PSD enganou o Norte quando - durante a campanha eleitoral - se mostrou receptivo à regionalização. Mas nunca é demais repetir que Lisboa pode libertar-se desse ódio, dando a independência ao Norte e, em especial, ao Porto. Nós portuenses não desejamos mais ligações com Lisboa e com o sul: a nossa alma dirige-se para o norte na direcção da Galiza e dos países do Norte da Europa, com cujas populações temos mais laços genéticos do que com as populações do sul de Portugal. No fundo, a linguagem do sangue fala mais alto do que a linguagem de uma falsa unidade nacional que só nos empobrece e nos prejudica. Lisboa pode ter a certeza de que nenhum país se negará a formar uma aliança de sangue com o Porto. Hoje sabemos que o nosso bem-estar só será conquistado quando abandonarmos a nossa ligação a Portugal, cujo nome lhe foi dado pelo Porto (Portus Cale). A Associação Hoteleira de Portugal já usa o termo Portugal para designar exclusivamente o sector hoteleiro do sul. A palavra Portugal tornou-se-nos completamente estranha, tal como nos é estranha a chamada selecção nacional. Bem sei que o ministro pretende quebrar essa equação Turismo = Algarve, mas referiu apenas Guimarães esquecendo intencionalmente o Porto, talvez na tentativa de dividir o Norte para que Lisboa possa exercer a sua terrível dominação sobre a região à qual nega a designação portuguesa, falsificando perversamente a História de Portugal. Não há uma única teoria do desenvolvimento económico que aponte o turismo como uma espécie de motor da explosão económica de um país: o conceito de um país de turismo revela o seu nível de subdesenvolvimento. Ao apostar estupidamente na marca Algarve, o poder central português - além de ter sacrificado o desenvolvimento económico das regiões produtivas - mostrou ser incapaz de alavancar o desenvolvimento nacional equilibrado e diferenciado. Um país económica e culturalmente desenvolvido não tem como sector dominante o turismo: o facto do turismo ser o quarto sector da economia portuguesa revela fatalmente o seu atraso estrutural. Algarve é, pois, sinónimo de subdesenvolvimento e de atraso estrutural, e, qualquer turista culturalmente informado não escolhe o Algarve como destino turístico. Neste aspecto, a proposta do ministro da economia de diferenciar o turismo, privilegiando a valorização do património histórico e cultural, permite deslocar a economia portuguesa na direcção de outro modelo de desenvolvimento económico: cuidar do património atrai turistas culturais sem sacrificar a economia produtiva, aquela que liberta o país do atraso estrutural e da mediocridade cultural, desde que saiba defender-se da terrível noção de Portugal como um museu vivo. Tal como a Madeira de Alberto João Jardim, o Algarve é, virtualmente, um buraco orçamental. Os grandes grupos económicos do Norte deslocam as suas sedes para a Holanda e outros países do Norte da Europa por causa do espírito ladrão do poder central e do sul: eles não querem alimentar os parasitas do sul. E, sem querer, prejudicam o próprio bem-estar das populações do Norte produtivo. Assim, por exemplo, o Vinho do Porto é uma marca do Norte, mas os canais de televisão do sul, em particular a TVI, apropriaram-se da nossa marca e usam-na nas suas hilariantes telenovelas para promover um falso estilo de vida sulista - o parasitismo improdutivo. As telenovelas da TVI são simplesmente saloias, irracionais e patológicas - meras falsificações da realidade nacional que prejudicam fatalmente a formação cultural dos portugueses, sobretudo dos mais jovens. Todo o imaginário sulista é parasita, delirante e chulo: os saloios limitam-se a copiar aquilo que não lhes pertence e a consumir aquilo que não produzem, como já sabia Fernando Pessoa.


Em termos de conceitos, com exclusão da animosidade deste governo contra o Norte, não tenho nada de muito dramático a opor às propostas apresentadas por Álvaro Santos Pereira. Nos debates promovidos por Fátima Campos Ferreira, o excesso de convidados não ajuda a clarificar os temas discutidos. Neste debate, apesar da subserviência oportunista de quase todos os outros intervenientes, o ministro da economia e do emprego pouco falou. Porém, a sua noção de uma economia dual, uma economia a duas velocidades, presta-se a mostrar a existência de uma grande assimetria regional: um Norte dotado de iniciativa e um Sul absolutamente dependente do Estado e parasitário, no meio dos quais se encontra o Estado que tem preferido empobrecer o Norte para alimentar o parasitismo do Sul. O Norte contribui com mais de 40% para as exportações nacionais e, no entanto, encontra-se atrás de Lisboa e da Madeira no que se refere à riqueza: o que quer dizer que, sem a intervenção irracional do Estado, o Norte estaria preparado para diminuir as importações e aumentar as exportações, promovendo a produção nacional e o emprego. Os governantes portugueses nunca souberam promover o desenvolvimento económico nacional: o seu impulso natural e espontâneo é sacar as regiões mais ricas do país para promover um falso estilo de vida na capital, usando a bandeira da solidariedade nacional em benefício próprio. O ministro da economia e do emprego pretende promover os produtos nacionais, ou seja, a marca Portugal, mas onde estão os produtos nacionais, no Norte ou no Sul? O PSD - se quiser fazer um ajuste de contas sincero com o seu terrível passado - não pode continuar a empobrecer o Norte, como sucedeu nos governos chefiados por Cavaco Silva que nos privaram da nosso próprio sector bancário. O centralismo é, de facto, a causa principal do atraso estrutural de Portugal. A história está aí para demonstrar que os países centralistas nunca conseguiram seguir a via do desenvolvimento económico e cultural. Não adianta falar de reformas estruturais, como fez o ministro, quando nelas não se inclui a descentralização ou mesmo a regionalização: os países desenvolvidos são federações de Estados autónomos. O desenvolvimento económico traz a marca de sangue do desenvolvimento desigual, e não vejo como no seio de um mundo capitalista se possa contornar este índice de desigualdade: a corrupção, a inveja e o espírito de imitação tal como as conhecemos em Portugal bloqueiam a via do desenvolvimento. É provável que a "solução" esteja na diferenciação competitiva defendida pelo ministro para o turismo, desde que alargada a todos os sectores da economia nacional. A maior parte das empresas portuguesas não estão preparadas para responder àquilo a que o ministro chamou o desígnio nacional: a internacionalização, a abertura aos mercados mundiais. Não sei se o programa da via rápida para o investimento proposto pelo ministro será capaz de levar as empresas a reinventarem-se através do espírito de iniciativa e da inovação. Em Portugal, não há propriamente uma cultura empresarial: a agilização dos investimentos e a lei da concorrência são palavras que não fazem parte do vocabulário da maior parte dos empresários portugueses, de resto destituídos de cultura. Curiosamente, o ministro e o partido que tanto criticaram no passado o optimismo de José Sócrates são hoje adeptos inveterados do optimismo. Em Portugal, o optimismo anda associado ao poder: aqueles que estão no poder são optimistas - a vida corre-lhes bem!, enquanto que aqueles que estão fora do poder e da sua esfera de influência são pessimistas: eis aqui mais um retrato da corrupção nacional. Álvaro Santos Pereira garantiu que os sacrifícios exigidos aos portugueses não serão em vão: o governo pretende cumprir na integra o memorando da troika, indo para além das medidas de austeridade previstas, consolidar o orçamento e levar a cabo as velhas reformas estruturais para fomentar uma economia mais inovadora e mais competitiva. E, no que se refere às políticas de obras públicas, o governo, além do projecto de construção das duas linhas de bitola europeia, pretende apostar no Mar e nos portos, com exclusão do Porto de Leixões, tal é o seu ódio visceral pelo Porto, e no equilíbrio das energias, abandonando de certo modo o programa das energias renováveis, e abrindo-se à possibilidade da energia nuclear. Por fim, o ministro falou do investimento que será realizado em Portugal, algures numa região do sul, por uma empresa multinacional, sem no entanto a nomear. Afinal, qual é o instrumento estratégico deste governo de Direita? A reforma semântica não é suficiente para quebrar o feitiço chamado Portugal. Até Miguel Gonçalves foi de tal modo enfeitiçado pelo optimismo semântico que se limitou a aplaudir a necessidade de produzir urgentemente heróis descarados. De facto, é preciso ter muito descaramento para mendigar o capital que não se reproduz no solo nacional. Triste fado o nosso!

J Francisco Saraiva de Sousa

28 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, não se podem queixar, porque até fui muito moderado e simpático! Apesar de não acreditar no futuro deste país! :)

nuno disse...

Após ler seu comentário fiquei espantado. Não sei como é que pode falar de 1 ministro contra o Porto quando o ministro não se referiu nenhuma vez ao Porto de forma dicriminatoria. No turismo falou em melhor a produtividade do sector atrvés da exploração turistica das regiões que estão fora do sol e mar. Deu o exemplo do Douro e Guimaraes (situadas a norte)como regiões que estão sub-aproveitadas. Falou no turismo de natureza e não deu nomes, mas obviamente o Geres esta aqui incluido e falou no turismo religioso para além de fátima (Braga esta incluida). Não percebo onde é que neste aspecto o ministro está contra a zona Norte de Portugal. Em relação ao comboio de mercadorias em Sines e Aveiro. Sines é evidente que necessita de uma ligção até à Europa, pois é o unico porto de aguas profundas de Portugal. A opçao de Aveiro-Salamanca pode ser mais discutida, como a maioria das exportaçoes portuguesas estão no norte, a linha talvez devesse ser feita mais a norte(talvez no vale do Ave). Quanto à ligação a Vigo, acho que era bom mas é muito melhor que haja uma ligação a Salamanca que depois nos ligue ao resto da Europa, coisa que Vigo não faria. O governo espanhol é que tem o poder de decidir nesse caso, pois é o Governo espanhol que terá que ligar as suas linhas à bitola europeia em França.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

É a experiência que me ensina a detectar essa discriminação. O Norte está, em termos de riqueza, abaixo de Lisboa e da Madeira e aqui neste aspecto reside a discriminação, com fundos europeus a ser deslocados para Lisboa quando na verdade estavam destinados ao Norte.

A ligação a Salamanca já tentada no passado pela burguesia do Porto deveria ser Porto-Aveiro-Salamanca. Claro, o governo espanhol está a marimbar-se para o nosso desenvolvimento.

A linha Porto-Vigo pode ter muito interesse regional.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E outra coisa - grande parte da riqueza da arquitectura sacra está no Porto, donde ser o Porto o pólo irradiador para o resto do Norte: turismo religioso e cultural regional.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E o Norte deve funcionar como um todo orgânico e não como uma dispersão de pólos: o país é demasiado pequeno para justificar essa dispersão. Ficamos todos a perder com essa política da rivalidade saloia: exemplo as políticas das autarquias - esbanjamento irracional de dinheiro.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, quanto ao turismo religioso, penso que o ministro não tem uma visão beata da matéria, graças a Deus!!! Porque se o turismo religioso for peregrinação, meu Deus - mais vale emigrar de vez porque não há futuro nesta terra beata. Penso q o ministro tem uma concepção mais cultural e histórica do turismo religioso, sem excluir Fátima e outros centros de peregrinação.

nuno disse...

Ao ler seus comentário parece que estamos de acordo que não houve discriminação do tal ministro em relação ao norte. A sua experiencia é que diz que irá haver. É verdade que houve e não é preciso recuar muitos anos,os desvios de fundos são recente. Quanto á linha de Vigo acho que seria mais interessante em passageiro de alta velocidade com prolongamento para Lisboa e Corunha. Mercadorias dúvido que venha a existir. Quanto ao norte dispersado ou como um todo acho o ministro vai no sentido de dispersar. Quando falou em valorizar aspectos locais/regionais no turismo. O norte felizmente tem muitas regiões diferentes entre si e acho que isso deve ser realçado perante o turista para que este saiba que tem muito por onde escolher. O esbanjamento das autarquias que mencionou tem razão, mas a tendencia nesse caso é a concentração de municipios e freguesia que só fará bem à zona norte ao contrário do turismo onde deve existir diversificação e diferenciação não só do norte como do reto do país. Quanto ao turismo religios não sei o que aí vem, mas pelo menos já é diferente do sol e mar dos últimos 30 anos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ah, finalmente descobri a razão de ser da subida da minha audiência na Rússia: é a equipa do Futebol Clube do Porto. :))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O que acho mesmo é que não temos um plano estratégico de desenvolvimento económico e cultural, o qual ultrapassa o âmbito do ministro da economia, envolvendo vários ministérios.

Quanto ao futuro do Norte, não creio que o turismo seja solução sustentável. Não sei se a concepção de micro-turismos será viável: o Douro terá mais capacidade para concentrar o turismo. A vocação do Norte não é propriamente o turismo: o turismo aparece se o Norte souber encontrar a sua via produtiva de desenvolvimento.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, pelo menos eu e muita malta do Porto, não queremos ser criados dos turistas. Turismo sim, mas antes de tudo economia produtiva - e boas políticas culturais e cidadania de qualidade.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O turismo tem estado a crescer no Porto de ano para ano e isso não implica tornarmo-nos dependentes do turismo. Queremos um Porto desenvolvido, autónomo e cosmopolita sem a mancha portuguesa a afectar a nossa raça.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Além disso, para incrementar o turismo em certas regiões do Norte esquecido seriam necessários grandes investimentos estruturais, e, como não há dinheiro, penso ser melhor canalizar o que há para investir na indústria e na agricultura para exportação.

nuno disse...

Mal do norte se ficasse dependente do turismo. Isso não é caminho, mas que se deve melhorar o turismo, isso sim. Em relação ao Porto estar a crescer em turismo de ano para ano pode agradecer ao governo de mancha portuguesa de jose socrates que resolveu criar uma regiao chamada Porto e Norte de Portugal.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O ministro vai apresentar esse plano 4ª-Feira, salvo erro: vamos ver se ele não vai incluir obras que já estão em desenvolvimento no Douro há muito tempo. Aliás, esse pólo turístico já funciona.

Outra coisa: Portugal está sempre atrasado em relação a Espanha que já promove esse turismo cultural. Salamanca e Compostela e Zamora, por exemplo, mas a Spain tem melhores cidades que Portugal - mais monumentalidade. O interior de Portugal é relativamente pobre em património: será necessário inventar algo de novo capaz de competir com a oferta espanhola e a preços competitivos.

A fragmentação de um país pequeno é uma forma que não funcionou: estamos endividados e as construções realizadas são inúteis. Neste caso, Sócrates procedeu bem, dando dimensão a uma região. Não adianta gerar muita rivalidade interior: o país é pobre em termos de oferta.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ah, o turismo no Porto resulta basicamente da iniciativa privada e local, em luta com o poder central e o Algarve. Por exemplo, o Hotel InterContinental, Palácio das Cardosas, é um investimento americano.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Além disso, o Porto tem e é património monumental: só é preciso cuidar dele, os privados investem nos hotéis e o comércio segue o movimento. Isto não tem nada a ver com políticas centralistas ou artificiais.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Nestas matérias, convém preservar a História, tal como fazem os países do Norte da Europa. Desfazer a história é privar-se de futuro e de enraizamento. Um país sem história não tem identidade! É preciso ter cuidado com este aspecto.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E há outra variável a ter em conta: muitas populações de Portugal não são atractivas para os turistas. Em Spain, as cidades do interior são animadas pelas populações agrícolas que já adquiriram um certo estilo cosmopolita. Ora, em Portugal, não há esse espírito e, infelizmente, nem há agricultura ou criação de gado. Não há um interessante movimento populacional para atrair turistas.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Infelizmente, Portugal é humana e culturalmente atrasado: eis a fonte geradora do nosso atraso estrutural e histórico.

nuno disse...

A nível cultural o pais é pobre em oferta porque a cultura vive de subsidios que são canalizados sempre para os mesmos sitios. Não disse nenhuma vez que para apostar no turismo se devesse gastar fortunas em infraestruturas, por isso o argumento de que não há dinheiro não deve servir. Deve haver uma melhor (igualitária) divulgação de Portugal, e quando digo Portugal estou a falar do país todo, pois todo o país tem potencial turistico. Lisboa, Algarve, Porto e Ilhas já são mais que conhecidas lá fora, falta agora o resto do país que também tem potencial, hitória e cultura. Por exemplo Alqueva para turismo rural, Guimaraes será CECultura 2012, Geres para turismo de natureza e que segundo sei este inverno os hoteis estiveram ás moscas, Braga, Coimbra e Evora cidades mais antigas de Portugal cheias de história. Existe potencial que não é aproveitado e espero que este ministro mude o cenário. O Porto pode ainda melhorar o turismo quando melhorar a habitação do seu centro historico, que deve ser o que esta em pior estado juntamente com Coimbra. Nesse aspecto não sei se o investimento privado será suficiente.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E, quanto a criação da região Porto/Norte, objectivamente ela colocou-nos no 3º lugar quando na verdade o Porto não está em 3º. Mas, como vê, somos solidários com o resto do Norte e lutamos pela subida de lugar. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Pois, a reabilitação do centro histórico do Porto é travada pelo despesismo sumptuoso do poder central. Claro que é necessário investimento público, mas como não o temos estamos dependentes do poder privado e local.

Sim, mas para desenvolver esse potencial turístico é preciso ideias inovadoras e ainda não as conheço.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Porém, o turismo é muito flutuante e, por isso, não nos garante um futuro de prosperidade: aposto mais na produção industrial e agrícola e nas empresas de tecnologia avançada. Um país com outro perfil psicológico e cultural - mais avançado.

nuno disse...

A região colocou o "Porto e Resto" no 3º lugar. Não está a dizer com isso que foi prejudicado? O grande Porto Nuts3 está acima da media europeia em PIB pc o que o impediria de receber fundos estruturais mas como faz parte da NUTS1 Norte recebe os fundos como se fosse tão atrasado como Trás os Montes.
Em relação ás ideias inovadoras, podiam começar por dar nomes ás correctos ás regiões. Porto e Norte de Portugal é um nome que logo á partida retira visibilidade a Minho e Tras os Montes para quem chega ao aeroporto Fran. S.C. Lisboa e Vale do Tejo a mesma coisa. Como disse anteriormente a divulgação é o que faz falta e essa divulgação tem sido enviesada nos últimos anos, a começar pelos nomes que dão a grupos de regiões.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Então, Sócrates era e é amigo do Porto! Ainda bem... e eu a pensar que ele era um diabo vermelho! :)

Pensa a regionalização em termos de distritos, tal como já existem? Eu acho que as designações gerais não são assim tão importantes: o que importa é modernizar o país.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Porém, não queira pôr os turistas a conhecer a fundo a nossa geografia, porque, se eles forem como os portugueses, nem a geografia do seu país conhecem. Há um problema sério com a educação formal na Europa e nos USA. Muito preocupante!

nuno disse...

Penso na regionalização como as antigas provincias (as únicas com nomes para as regiões que não sejam nomes de cidades ou coordenadas geograficas). Acho que o nome é relevante para o turismo e penso que os turistas dão valor a isso. Não é porque os portugueses não conhecem o seu país que o devemos esquecer.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ok, percebi - é uma perspectiva a pensar. Eu estava noutra onda: cavalgar o futuro e libertar o país de certa imagem do passado. Enfim, modernizar Portugal inteiro e dar-lhe uma nova geografia. Mas fiquei a saber que ainda há muito apego ao conceito de província. É preciso dialogar e pensar em conjunto... :)