terça-feira, 31 de maio de 2011

A Filosofia Estética do Atelier de Arte Realista do Porto

Tendo como imagem de fundo esta bela pintura a óleo de Daniel Africano Rocha - Francesca de S Minato del Sera, pretendo chamar a atenção do público em geral para a obra artística do Atelier de Arte Realista do Porto, destacando três figuras desta nova escola de pintura, desenho e escultura do Porto: Daniel Gamelas (escultor), Daniel Africano Rocha (pintor) e Armando Aguiar (pintor hiper-realista). O Porto - ele próprio uma grandiosa e bela obra-de-arte! - foi sempre a grande capital da arte, e é com satisfação redobrada que aplaudo o surgimento de uma nova escola de arte na Cidade Invicta, cujo programa estético é o realismo. Embora não tenham elaborado um programa estético exaustivo, os jovens artistas portuenses reclamam como herança a grande Arte Realista num mundo que parece ter despedido tanto o realismo crítico como a arte de vanguarda. Com a Escola de Frankfurt, em especial com a teoria estética de Theodor W. Adorno, a estética marxista distanciou-se ferozmente do realismo socialista e reclamou a arte de vanguarda, em detrimento do realismo crítico defendido por Georg Lukács. Entretanto, desde a morte destes ilustres e brilhantes estetas do marxismo e da Filosofia, o mundo sofreu profundas transformações sociais, cujo vector fundamental parece apontar mais na direcção da pertinência das análises de Georg Lukács do que das análises de Adorno. Quando escreveu que os pensadores radicais da Escola de Frankfurt, bem como Ernst Bloch, se tinham instalado «no Grande Hotel do Abismo» - «um hotel provido de todo o conforto moderno, mas suspenso à beira de um abismo, do nada, do absurdo. O espectáculo quotidiano do abismo, situado entre a qualidade da cozinha e as distracções artísticas, só pode realçar o prazer que encontram os pensionistas neste conforto refinado», Lukács revelou a sua superior capacidade de antecipação de um futuro terrível que, infelizmente, é o nosso presente. A crise financeira e económica de 2007-08 empurrou o Grande Hotel do Conforto Moderno para as profundezas da garganta do abismo: os pensionistas do Hotel do Conforto e a arte de vanguarda andaram de tal modo distraídos do mundo, completamente afundados na luxúria do conforto e compensados com os prazeres da cozinha - afinal, o animal metabolicamente reduzido prefere comer, beber e fazer sexo compulsivo para compensar falsamente o seu vazio existencial, em vez de pensar! -, que deixaram o capitalismo livre para mergulhar a seu bel-prazer o mundo no abismo e no caos da miséria mais abjecta. Será que o realismo crítico tal como o tematizou Lukács, sobretudo no domínio da grande literatura, está a adquirir a actualidade que lhe foi negada no seu tempo? Ainda é muito cedo para fazer uma avaliação estética e política da nova arte realista do Porto, mas a obra até agora produzida promete abrir novos horizontes ao mundo mergulhado no abismo. A tonalidade apocalíptica que descubro na obra de Daniel Gamelas e de Daniel Africano, bem como nos quadros de transparências e de luz de Armando Aguiar, agrada-me especialmente: os mistérios escondidos nas ruas e no casario do Porto são sinais apocalípticos - memórias e ruínas de um passado que não pode ser esquecido sem que o mundo mergulhe na catástrofe.

J Francisco Saraiva de Sousa

3 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Se a actual intenção de voto permanecer, com a perspectiva de vitória da Direita, então o povo português merece a MISÉRIA que o aguarda. Este povo-pensionista e candidato a chulo da Europa merece ser expulso da Europa!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Muito obrigado a todos os cidadãos do mundo que acompanham este blogue. E um obrigado especial para a Rússia que hoje teve uma presença forte. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os franceses, os americanos, os moçambicanos, os holandeses, os ingleses e os alemães, e até mesmo os espanhóis, não resistem ao meu blogue! Thanks! :) (Os brasileiros e os portugueses tb, claro!)