terça-feira, 20 de outubro de 2009

Prós e Contras: O Futuro de Portugal

«(A sociedade portuguesa) é obscena em produzir e exibir indecorosamente uma abundância sufocante de mercadorias, ao mesmo tempo que priva largamente as suas vítimas da satisfação de necessidades vitais; obscena em atulhar-se a si própria de bens, enquanto as latas dos seus desperdícios envenenam o mundo dos explorados; obscena nas palavras e nos sorrisos dos seus políticos; obscena nas suas orações, na sua ignorância e na sabedoria dos intelectuais que tolera». (Herbert Marcuse)
Hoje (19 de Outubro) debateu-se o futuro de Portugal. O debate moderado por Fátima Campos Ferreira contou com a presença de seis convidados: António Marinho Pinto (Bastonário da Ordem dos Advogados), António Saraiva (CIP), José Adelino Maltez (Educação), Fernando Ulrich (BPI), Júlio Pedrosa (Educação) e Fernando Nobre (AMI).
Um debate sereno e aparentemente muito consensual, sem grandes divergências de fundo: todos os participantes estavam de acordo quanto à necessidade de o próximo governo de José Sócrates poder governar durante os quatro anos de legislatura para fazer face aos desafios que a crise económica coloca, nomeadamente a resolução dos problemas do desemprego (9,1 %) e da pobreza. A crise ainda não terminou e, por isso, é necessário que o governo tenha estabilidade e saiba negociar e ceder quando necessário para não criar uma situação de ruptura com as oposições e as organizações da sociedade civil (Fernando Ulrich). A superação da crise constitui um imperativo nacional e todos os portugueses devem ser mobilizados para ajudar o governo a superá-la: os resultados eleitorais indicam que os portugueses desejam compromissos entre as forças políticas, tendo em vista a superação da crise. A crise exige que se estabeleça uma agenda de prioridades: arrumar o tecido empresarial português (António Saraiva), apoiar as empresas que souberam criar empregos e preparar-se para as exportações (Fernando Ulrich), acabar com a hipocrisia e combater a corrupção (Adelino Maltez), valorizar o trabalho e não apenas o capital (Marinho Pinto), combater a pobreza (Fernando Nobre) e a desertificação (Adelino Maltez) e, acima de tudo, ter coragem para implementar reformas da justiça (Marinho Pinto). Além do combate à pobreza e à corrupção como estratégia de desenvolvimento económico, a reforma da justiça foi a prioridade que mereceu mais atenção. Em Portugal, a justiça funciona muito mal e este disfuncionamento irracional da justiça bloqueia a próprio desenvolvimento económico, social e cultural. A existência de sindicatos nas magistraturas constitui uma anomalia (Marinho Pinto), não só porque os magistrados se comportam como divindades (Marinho Pinto) ou vacas sagradas (Adelino Maltez), mas também porque os sindicatos esquecem que as magistraturas são órgãos de soberania que devem respeitar os outros poderes do Estado - o executivo e o legislativo -, sem terem uma agenda política própria. A guerra civil que opõe os magistrados ao Estado deve ser debelada, através da implementação de novos modelos susceptíveis de submeter os magistrados a uma avaliação não-corporativista. No fundo, se os magistrados se comportam como vacas sagradas, como disse Adelino Maltez, é necessário dessacralizar o seu poder e o modo de funcionamento do sistema judicial. A cultura da responsabilidade, do rigor, da transparência e da competitividade deve ser fomentada em todas as esferas da vida nacional.
Júlio Pedrosa reformulou a questão do futuro de Portugal em termos de definição do tipo de sociedade em que queremos viver. Esta reformulação implicou o surgimento de divergências. Geralmente, as pessoas dizem desejar conservar o modelo social, mas, como observou Fernando Nobre, a crise que ameaçou colapsar o mundo exige correcções substanciais do sistema capitalista, até porque o modelo neoliberal de economia de mercado confiante nas suas próprias virtudes internas caminhava numa direcção contrária ao modelo social europeu. A sociedade portuguesa é obscena em produzir pobreza e miséria crescentes e em agravar as desigualdades sociais e a exclusão social (Fernando Nobre). Coube a Fernando Ulrich e a Júlio Pedrosa fazerem a apologia do "regime democrático" estabelecido, alegando que a sociedade portuguesa progrediu muito depois do 25 de Abril. Porém, ninguém duvida disso: o que foi lamentado é o facto da sociedade portuguesa não ter sabido resolver os seus problemas sociais. A pobreza é um facto visível. A questão do optimismo e do pessimismo não pode ser colocada em termos abstractos: Fernando Nobre confessou que era um optimista informado - muito preocupado com as mudanças climáticas - e Adelino Maltez afirmou que precisamos de factos e não de discursos hipócritas. Para resolver os problemas estruturais da sociedade portuguesa, precisamos mudar de atitude e institucionalizar o conflito (Adelino Maltez), ou melhor, mudar de paradigma (Fernando Nobre). O combate à pobreza que se instalou no Norte, talvez devido às políticas centralistas, pode ser encarado como uma estratégia de desenvolvimento nacional, na medida em que visa aumentar o mercado interno. Porém, as associações empresariais não querem aumentar o salário mínimo nacional (António Saraiva): os empresários portugueses comportam-se como patrões (Adelino Maltez) e não como criadores de empregos, comportamento este que justifica a valorização do trabalho defendida por Marinho Pinto. A economia de mercado precisa de correcções e de regulações: eis a lição da actual crise económica que não pode ser esquecida. O governo deve mobilizar os portugueses em torno de causas nacionais, uma das quais é precisamente a mudança de paradigma social. Regulação da economia, repovoamento do território, reflorestamento, preocupação ecológica, nova cultura empresarial, nova cultura do trabalho, descentralização, regionalização, preocupação com a qualidade da educação, aproveitamento das nossas riquezas marítimas, turismo diversificado, luta contra a pobreza e a corrupção, fortalecimento da agricultura e do tecido industrial, autonomia energética, aprofundamento das nossas ligações culturais com as zonas do mundo que falam e pensam em português, enfim maior racionalização: eis algumas propostas de mudança social que podem mobilizar os portugueses.
J Francisco Saraiva de Sousa

53 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, coloquei a fotografia de Fátima Campos ferreira, porque afinal é ela a responsável pelo programa que comento. E não me lembrei de outra! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não posso desenvolver mais o post e ser crítico, porque estou sem tempo. :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, uma nota: a fusão AIP + AEP = CEP vai beneficiar o Norte? Deixo a dúvida... :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Em Portugal, a polémica modernidade/pós-modernidade não mereceu atenção: a ingenuidade dos tugas levou-os a dar o seu assentimento a-crítico aos pós-estruturalistas, sem levar em conta os que pensam que a modernidade não está cumprida porque a sua promessa ainda não foi realizada. Prometer e cumprir são coisas diferentes: ainda falta cumprir a promessa subjacente à modernidade. E foi para ajudar nesta tarefa que a dialéctica foi revista por Adorno, Benjamin, Bloch e Habermas, entre outros.

A tarefa continua e não é a ameaça de uma guerra nuclear - que diverte os pós-estruturalista, Baudrillard, por exemplo, - que vai impedir que a dialéctica continue a elaborar novos modelos críticos, sem abrir as mãos da história e da dialéctica sistema/mundo da vida explicitada por Habermas.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Continuando a resposta que dei à Else no post anterior:

1. Marx afirmou que, depois de ter interpretado o mundo, a tarefa da filosofia era agora transformar o mundo.

2. O marxismo soviético fez a revolução de Outubro e, mesmo com os seus desvios, industrializou um país miserável e libertou os camponeses da tirania czarista.

3. A social-democracia - via reformista - lutou pelo sufrágio universal e, uma vez conquistado o poder, os partidos socialistas construiram um Estado de bem-estar social e fortaleceram a democracia.

4. O que fizeram os pós-estruturalistas e pós-modernos? Abdicaram de interpretar e transformar o mundo, optanto pela negação do mundo - o crime perfeito de Baudrillard.

Os frustrados de Maio de 68, que vivem à custa do Estado construído pela luta da classe operária, NEGAM O MUNDO: a sua agenda político-privada (sic) reside na emancipação simbólica. Ora, negar o mundo e a filosofia que o quer transformar, exilando-se no virtual, é entregar o mundo ao poder dominante: o capitalismo triunfou sem a oposição desses literatos da merda, para os quais tudo é uma masturbação simbólica.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os pós-estruturalistas são cristãos sem Deus: não há política cristã pelo facto dos cristãos estarem mais preocupados com a salvação da alma do que com a salvação do mundo. O marxismo está preocupado precisamente com a salvação do mundo, mas os pós-estruturalistas de barriga cheia negam o mundo, tal como os cristãos, preocupando-se exclusivamente com o seu próprio corpo. Os discípulos de Nietzsche afirmam negando, o que é paradoxal à luz da doutrina da vontade de poder: negam o mundo, negam a história, negam a esperança social, negam o social, enfim são "negas". Uma série paradoxal de negações para quem diz dizer Sim à Vida - afirmação da vida por oposição à negação dialéctica.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Como pode haver uma agenda política no campo dos negadores do mundo? Quem nega o mundo não tem agenda política: a sedução de Baudrillard não é política radical ou mesmo resistência; é algo privado - uma masturbação simbólica mediada pela visualização de um filme pornográfico, portanto masturbação virtual. ;)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ah, estes comentários são exercícios dialécticos: modelos de negação positiva ou determinada. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A RTP Porto faz hoje 50 anos! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Na caixa de comentários do post anterior, Sr deixou este comentário:

"Rorty? parece q sempre foi ler a tese mestrado q deixei..
N sei é se n terá lido na diagonal, como eu agora fiz com os comentarios q foi deixando pra trás, ja q o rorty é la citado positivamente mas tb arrumado na prateleira da ilustração :)
Mas é um pouco como a else insinua, axo q tá com dificuldade em sair do ambito da reflexão academicista, e então não admira q tenha dificuldades em captar o registo irónico como processo verdadeiramente criativo e iluminador desses pensadores, n vendo nisso mais q retorica e esterilidade. (...)

"Outra coisa interessante:
relativamente à propalada questão da esterilidade prática e social q tds estes pensadores mais heteroclitos lhe suscitam, sabe onde tenho vindo a descobrir as reflexões e prática mais moderna e auto-consciente?? Nas teóricas e activistas - sim, maioria sao mesmo mulheres, lol - posfeministas e/ou poscoloniais.
LOL, verdade! São das poucas q eu tenho visto a delinear estrategias e acção politica directa com base em produção teorica super-actual dos pensadores(homens, lol) mais vanguardistas(derrida, deleuze, foucault etc) do social.
J.Butler, B.Preciado, Eve Sedgwick, Donna Haradawy, De Lauretis etc."

Comento - respondendo - a seguir.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Resposta ao Sr:

1. Conheço a obra de Rorty desde sempre e não concordo que seja "arrumado na prateleira da Ilustração". Rorty usa a ironia.

2. Não tenho dificuldade em compreender o pós-estruturalismo, até porque este também é académico. O registo irónico - como processo verdadeiramente criativo e iluminador - dos pensadores pós-estruturalistas é de facto "retórica e esterilidade". Já mostrei isso nos comentários anteriores: Eles levaram demasiado longe a crítica da referência de Quine, negando o próprio mundo - o textualismo. Ora, pensamento que se diverte consigo mesmo é puro jogo masturbatório e, como tal, é estéril.

3. Negando o mundo e o social, não podem ter uma agenda política, o que preocupou Derrida nas suas últimas obras. Não há política privada: a busca de perfeição privada é incompatível com a política - um assunto público que diz respeito à pluralidade.

4. Sim, os feminismos têm uma agenda política, mas as suas propostas de políticas de género ou de fluidez devem ser objecto de crítica. Nas suas versões radicais, negam a diferença biológica: o fluído não é uma categoria masculina. Cabe aos criadores da cultura objectiva - os homens - reagirem, defendendo a sua própria condição.

5. Já escrevi alguns posts sobre os feminismos, aceitando alguns dos seus conceitos, tais como heterossexualidade compulsiva, heterosexismo, sociedade patriarcal, etc., mas vedando o espaço teórico ao construtivismo social radical. As culturas femininas emergentes podem estar a fragilizar a cultura ocidental - uma criação masculina. É um tema que merece reflexão...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não pretendo de momento criticar os feminismos, de resto empreendimentos parasitários e auto-contraditórios: usam a cultura objectiva - masculina - para a criticar, sem no entanto conseguirem escapar à sua marca fálica evidente na obra de Lacan. Curioso é o facto de Derrida, Lacan, Foucault e Deleuze - este menos - não se reconhecerem nos feminismos: aliás, Foucault considera e bem que o sexo é o que mais se presta à lógica do capitalismo que o usa para reforçar o conformismo. Ora, nesta perspectiva, podemos ver o carácter serôdio da crítica de Nietzsche: o capitalismo não precisa de moral para funcionar e dominar - como mostrou Marx. Repare que o capitalismo não quer o fascismo... :)

E. A. disse...

o fluído não é uma categoria "masculina. Cabe aos criadores da cultura objectiva - os homens - reagirem, defendendo a sua própria condição.
"

Sim, mas Deleuze defende essa categoria. É a categoria futurista. E eu sou futurista. Passadista é o F e os amigos da dialéctica monolítica e "masculina"... falo murcho esse.

E. A. disse...

E é verdade que o sexo é usado pelo capitalismo, mas a industrialização do sexo advém da divinização do sexo feita pela moral judaico-cristã, da genealogia da moral demonstrada por Nietzsche. N é por acaso q o capitalismo se usa do sexo. E Foucault tb sabe isso, o F. é q pelos vistos se esquece.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quanto a Judith Butler, repare-se que ela define a política do sujeito do feminismo em termos marxistas, o que significa o reconhecimento de que uma política de esquerda é necessariamente marxista e não nietzschiana:

"(...) a tarefa política não é recusar a política representacional - como se pudéssemos fazê-lo. As estruturas jurídicas da linguagem e da política constituem o campo contemporâneo do poder; consequentemente, não há posição fora desse campo, mas somente uma genealogia crítica das suas próprias práticas de legitimação. Assim, o ponto de partida crítico é o presente histórico, como o definiu Marx. E a tarefa é precisamente formular, no interior dessa estrutura constituída, uma crítica às categorias de identidade que as estruturas jurídicas contemporâneas engendram, naturalizam e imobilizam".

Judith Buther coloca o problema de modo correcto e define a tarefa política de subversão das identidades em termos marxistas, embora neste caso o sujeito seja a mulher. Outra coisa diferente é a de saber se a demolição das categorias oficiais de género é a mais correcta. Ora, neste caso, o pensamento de Butler vacila, quer aceitando a naturalidade do sexo e a construção do género, quer anulando a diferença biológica. Ela está consciente disso, porque refere que Foucault não prestou atenção a esse aspecto, agindo como homem.

É discutindo os conteúdos dos pensamentos desses pensadores que podemos chegar a algum acordo: citar nomes e fazer reconduções não conduzem a parte alguma. Repare-se que de Nietzsche só se retém o termo genealogia: o Nietzsche do pós-estruturalismo é uma mistificação conceptual.

Além disso, a desconstrução da epistemologia conduz ao relativismo radical, esta é a marca de Foucault: as categorias de sexo, género e desejo são efeitos de uma formação específica de poder. Estamos sempre no território da dialéctica... :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ai, eu passadista? A Else futurista? Que disparate! Eu sou dialéctico. ;)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Judith Butler é dialéctica num sentido profundo: ela sabe que a dialéctica move-se num mundo já constituído, o que lhe permite demarcar-se de Sartre e de Simone de Beauvoir!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Else de futurista não tem nada, porque, na nossa discussão sobre a libertação gay, defendeu - como se lembra - a permanência dos gays dentro do armário - um pensamento abolido por Butler. Discuta conteúdos e não brinque com as palavras! ;)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sim, Deleuze defende o fluído: o corpo pleno sem órgãos é uma espécie de regressão ao estado indiferenciado. Embora não o cite, Butler combate a lógica binária sexual, mas com alguma ambiguidade. Porém, quando ataca a teoria biológica da determinação sexual, vendo nela uma manifestação do falocentrismo, esquece esse estado indiferenciado, ou melhor, feminino: sem o gene SRY, o ser permaneceria feminino, ou melhor, seguia a via do desenvolvimento feminino. Isto significa que os novos pensadores não compreenderam a teoria genética, que os obriga talvez a namorar sempre alguma versão da teoria do cabide, mas mesmo aqui - nós cientistas - já detectámos uma pluralidade de sexualidades de género. De facto, a dialéctica não é monolítica mas também não é indeterminadamente fluída. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E é esta atenção prestada ao mundo real que distingue a filosófia séria da filosofia masturbatória privada! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O que disse sobre a determinação sexual aplica-se somente aos mamíferos: a natureza é muito criativa e inventou outras estratégias. :)

E. A. disse...

"ai que disparate" ai ai ai...
n brinque com as palavras... ai ai ai... vamos prestar atenção ao mundo real: estou a prestar e o mundo real n é dialéctico. A dialéctica está na sua cabeça, tal como todos os conceitos. Essa é uma lição nietzscheana, tb esquecida...

E. A. disse...

"ai que disparate" ai ai ai...
n brinque com as palavras... ai ai ai... vamos prestar atenção ao mundo real: estou a prestar e o mundo real n é dialéctico. A dialéctica está na sua cabeça, tal como todos os conceitos. Essa é uma lição nietzscheana, tb esquecida...

E. A. disse...

E desculpe a repetição.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ai, ai, ai... Nietzsche não era um homem, mas um pedra, porque onde há homens e homens em relação há dialéctica, bem como nas relações entre homens e a natureza.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E a "cabeça" foi inventada para dirigir a relação entre homens com outros homens e com a natureza! ai, ai, ai, onde tem a cabeça!

E. A. disse...

Empedernido e monolítico é o pensamento dialéctico. Nietzsche é além, além: do bem, do mal, e do todo o pensamento que ousa petrificar o fluxo da vida.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ahhhh... O fluxo da vida é dialéctico e é a morte que o interrompe. Nietzsche é uma mentira, um mentira terrível: ele tinha ódio, o mesmo ódio que atribuía ao cristianismo. Nietzsche é uma figura marginal do pensamento filosófico, que aliás não compreendeu. Nietzsche só é venerado por aqueles que desistiram de pensar.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Nietzsche enganou todos com a sua mensagem: o super-homem é uma ilusão, ou melhor, uma ilusão masturbatória. Foi preciso usar muita violência hermenêutica para lhe dar algum sentido ou inteligibilidade: Nietzsche fracassou no seu projecto, afogou-se e enlouqueceu.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A única obra mais sistemática que escreveu - A Genealogia da Moral - revela lacunas históricas preenchidas por conceitos-quimeras. ;)

E. A. disse...

Agora usa da imagem da masturbação como se fosse uma maldição. A filosofia é altamente masturbatória. A de hegel e de marx também. Em limite é sempre... até porque se sente o grande peso da solidão no acto da filosofia... :(

E. A. disse...

O Francisco às vezes irrita-me: não sabe que Nietzsche tinha aversão ao sistema?? Fala de sistemático como se fosse algo de bom.

Bom, continue o seu exercício masturbatório q eu vou para o meu. :D

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Mas a de Hegel e Marx é masturbação colectiva: há menos solidão, porque sabemos depender uns dos outros. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sistemático é diferente de sistema: o discurso do fragmento é muito sintomático, até porque pode revelar incapacidade intelectual afogada em ambição desmedida.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A masturbação é doravante uma figura da fuga ao mundo: alienação social! :)

E. A. disse...

Ah! Não sabe, mas eu explico-lhe: Nietzsche escrevia em fragmentos por razões de saúde, não conseguia estar muito tempo a estudar e a escrever com as dores de cabeça, e alternava com passeios. Isto é comprovável em qq boa biografia...

Mas o q lhe dizer mais? N sei porque a escrita fragmentária é menos "séria", espelha, aliás, a noção de subjectividade estilhaçada por Nietzsche.

E. A. disse...

A masturbação é revolução.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Max Weber também tinha um problema de saúde que o impedia de trabalhar e, apesar disso foi sistemático, porque sabia o que queria dizer. Nietzsche desculpa-se pela falta de pensamento... :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A revolução é colectiva! :D

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sartre via mal e ficou cego mas foi sistemático... etc. Isso não é desculpa!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ai, ai, ai... Estou a ler José Saramago. Tomei a decisão de o ler ontem à noite, vesti-me e fui comprar alguns livros dele. Estou concentrado no Caim e, de momento, estou decepcionado com a obra, como se estivesse a ler uma "historinha" escrita por uma cozinheira vulgar. Falta-lhe espessura, densidade filosófica; é muito literal, pouco profundo, muito imediatista, muito pobre em termos de pensamento. Como crítica da Religião é uma regressão total: Saramago escreve como se estivesse do lado de fora da crítica da religião e do seu rigor metodológico.

Mas vou escrever alguns posts sobre o Caim de Saramago!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ah, até agora só encontrei uma frase com valor crítico, mas não vejo como a posso fundamentar e explicitar recorrendo ao resto da obra povoada de masturbações e de projecções de sémen. :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Porém, mantenho uma abertura total, porque acho graça ao modo como o espírito burguês é recuado no tempo ou o Caim é um nosso contemporâneo. Esta operação é frutífera, mas penso que Saramago não soube tirar proveito dela, talvez porque tenha levado deus muito a sério, como se ele tivesse sido - ou fosse - uma pessoa: Saramago não compreende como funciona a ideologia: Deus não é mau; maus são os homens mas Caim é honesto.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não detecto nenhuma afinidade entre Saramago e o marxismo: a sua posição é a de um homem crente, não a de um crítico da ideologia religiosa. A tal frase que referi colide com a ideia fundamental do marxismo, que, como já mostrei noutros posts, não é um ateísmo. É por isso que Marx nunca criticou a ideia de Deus, reduzindo a história dos homens a um diálogo-confronto com Deus. A ausência de conhecimentos filosóficos faz de Saramago um narrador quase-popular: a sua ingenuidade é desconcertante!

Unknown disse...

este blog devia mudar o nome pra Inimigo Publico, LOL


É so rir coeste francisco na sua luta contra, à falta de moinhos de vento, uma papillon :)))


Tb n axo o saramago grande espingarda, mas n deixa de ser um bom romancista. Tem algumas boas intuiçoes mas a sua deformação jornalistica parece ter resultado em danos irreparaveis e já identificados na origem... :)


bem, ainda a proposito da saga socialista do Francisco, um txt pra ajudar a perceber o qt de comum tem a realidade da sociedade portuguesa, mas que, pela negativa, n se consegue mobilizar ou resistir reactivamente mt por causa da politica de imbecilização e domesticação dos cidadaos q se tem vindo a reforçar ao longo destes ultimos anos http://antivalor3.vila.bol.com.br/outros/ferandes.html


Pra Else,
e ainda a proposito da tal linha estruturante entre nietzsche, bataille, baudrillard, mauss, q o francisco se recusava a aceitar q existia, encontrei um excerto q acentua bem esta origem, a qual, afinal, é a ideia de "potência" ela mesma :)

Crepúsculo dos Idolos, Incursões de um extemporâneo, 14
«(...) o aspecto global da vida não é a situação de indigência, a situação de fome, mas antes a riqueza, a exuberância, e até mesmo o absurdo esbanjamento - onde se combate, combate-se por potência... »

Got it? a tal cena do bataille duma economia pelo lado da despesa, a part maudite, mauss, levi-strauss, p. clastres, baudrillard e tal... ;P

Unknown disse...

mudando de assunto, ainda n me consegui decidir se gosto da bandinha da moda, os The X_X :)
Deixo à apreciação http://www.youtube.com/watch?v=FJeOxQuPiwg&feature=related

Unknown disse...

Compare-se

http://www.youtube.com/watch?v=-oaHHrNQVrg





Já a cristalized(e outras) faz-me lembrar Young Marble Giants... hmmm
Sao bons os putos mas... hmmm.. n sei...


:))

Unknown disse...

LOL, crystalised*



http://www.youtube.com/watch?v=Pib8eYDSFEI&feature=related

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Tudo o que ajuda a demolir a direita reaccionária é bom ou, pelo menos, defensável. Abaixo a direita reaccionária e burreca! :)

Unknown disse...

citoyens, aux piquetes! :P

Unknown disse...

http://sic.sapo.pt/online/noticias/portugal2009/especiais/novogoverno/Gabriela+Canavilhas+uma+pianista+na+pasta+da+Cultura.htm

Investigue-se!



agora, vou ver o slb :)

E. A. disse...

Sr, fez-me lembrar este quadro:
http://www.settemuse.it/pittori_scultori_europei/kush/vladimir_kush_011_fauna_in_la_mancha.jpg

E. A. disse...

E nao gosto da banda da moda. :(