sábado, 12 de julho de 2008

Supressão da Sexualidade Feminina e Prostituição

Montaigne insurgiu-se contra a violência praticada contra a castidade das mulheres e, dirigindo-se a «um sábio autor» parisiense da sua época (século XVI), escreveu: «Aborrece-me que ele não tenha sabido, para acrescentar às suas histórias, da anedota que me contaram em Toulouse, de uma mulher que passara pelas mãos de alguns soldados: "Deus seja louvado, dizia ela, que, pelo menos uma vez na vida, eu me fartei sem pecado!"».
As teorias feministas elaboraram o conceito de "patriarcado" para definir a sociedade feita por homens e para os homens. Numa sociedade patriarcal, as prioridades dos homens são procurar controlar as mulheres e usá-las para satisfazer os propósitos masculinos. Isto significa que as instituições sociais reflectem a "vitimização" e opressão das mulheres por parte dos homens. A análise feminista compreende a perspectiva da mulher violada pelos soldados da Reforma, alegando em sua defesa o suposto facto de que, naquele tempo, as mulheres eram muito oprimidas em termos de expressão sócio-sexual e que eram obrigadas a manter-se castas até ao casamento: "fornicar" antes era "pecado", sobretudo quando um tal comportamento era desejado conscientemente por elas. Contudo, esta mulher tinha saciado os seus desejos sexuais "reprimidos" "sem pecado", dado a violação ser um acto não-consentido, portanto, forçado com recurso à força. Neste caso, os "vilãos" são os homens, esses seres que se entusiasmam com a perspectiva da violação e que gostam de controlar e dominar sexualmente as mulheres.
Recentemente, foi formulada a teoria da supressão da sexualidade feminina, segundo a qual esta supressão é um padrão de influência cultural, através do qual as raparigas e as mulheres são induzidas a evitar sentir desejo sexual e a refrear ou reduzir o seu comportamento sexual. No âmbito desta teoria destacam-se duas hipóteses: a teoria do controle masculino e a teoria do controle feminino. A primeira afirma que os homens têm sido a principal fonte de controle da sexualidade feminina, enquanto a segunda defende que as mulheres são a principal fonte da supressão da sexualidade feminina. As teorias feministas adoptam invariavelmente a hipótese do controlo masculino da sexualidade feminina.
A teoria da supressão da sexualidade feminina baseia-se na teoria da troca social, que analisa o comportamento humano em termos de custos e benefícios e encara as interacções sociais como trocas, no decurso das quais as partes oferecem umas às outras recompensas em troca de coisas desejadas. Nesta perspectiva, o sexo é visto como uma fonte que os homens desejam e que as mulheres possuem. Em troca de sexo, os homens oferecem às mulheres outros recursos desejados por elas, tais como dinheiro, compromissos, segurança, atenção ou respeito. O sexo é essencialmente um recurso feminino: os homens querem sexo das mulheres e as mulheres recebem outros bens valiosos em troca dos seus favores sexuais. Isto significa que a sexualidade masculina não pode ser trocada por outros bens. No mercado sexual, as mulheres oferecem sexo e os homens compram sexo.
Montaigne parece ter optado pela teoria do controle masculino: os homens estão interessados em suprimir a sexualidade feminina, porque temem ser traídos pelas suas mulheres ("cornudos") e cuidar de filhos que possam não ser seus ("bastardos"). Os homens suprimem a sexualidade feminina, com o objectivo de controlar as mulheres, garantir paz e ordem na sociedade e reduzir o risco de infidelidade das esposas, de modo a garantir a paternidade. Contudo, diversos estudos contemporâneos concluem que a evidência empírica favorece a teoria do controle feminino: as próprias mulheres "cooperam" e rivalizam entre si para restringir a sexualidade umas das outras, de modo a garantir que a troca de sexo por outros recursos fornecidos pelos homens possa ocorrer de um modo favorável às mulheres.
A prostituição é deveras interessante para a teoria da troca social, porque torna explícita a troca de sexo por recursos. Marx e Engels já tinham observado que a prostituição era a forma mais explícita de troca que caracteriza as relações de género em geral. Aliás, eles descreveram o casamento como «prostituição legalizada», no qual as mulheres trocam sexo pelo dinheiro dos seus maridos, embora de uma maneira mais subtil do que na prostituição propriamente dita. Ora, a prostituição como forma explícita de troca e a pornografia permitem testar empiricamente estas duas hipóteses. A prostituição e a pornografia são inegavelmente duas indústrias sexuais dominadas pelos homens, nas quais as mulheres satisfazem as necessidades dos homens. Ambas oferecem aos homens fontes alternativas de gratificação sexual, ameaçando a capacidade das mulheres de exercer controle sobre os homens e de obter recursos dos homens, mediante a regulação do acesso masculino à gratificação sexual. Dado ampliarem as oportunidades de satisfação sexual masculina, estas fontes podem reduzir o poder de regateio das mulheres e ser vistas como uma chave de competição económica barata, que poderá potencialmente dificultar o monopólio feminino de acesso ao sexo. Por isso, a teoria do controle feminino prevê que as mulheres sejam desfavoráveis em relação à prostituição e à pornografia. Diversos estudos mostraram que as mulheres, além de serem mais negativas em relação à homossexualidade do seu próprio género, se opõem consistentemente à prostituição e à pornografia, e que os movimentos sociais "puritanos" foram populares entre mulheres, embora tivessem alguns lideres masculinos (clérigos). E, por sua vez, as prostitutas foram muito críticas em relação à "revolução sexual" e ao "free sex", isto é, o sexo de baixo-custo ou custo zero, que é pouco benéfico para as mulheres, uma vez que desvaloriza o valor dos seus próprios recursos. A prostituição e a pornografia não são directamente relevantes para a teoria do controle masculino, mas são muito relevantes para a teoria do controle feminino, porque, se as mulheres fossem tolerantes nestas matérias, a teoria seria seriamente contrariada. A oposição feminina à prostituição e à pornografia é consistente com a teoria da troca social.
A prostituição masculina pode ser usada para tentar contrariar a teoria da troca social. Contudo, convém ter em conta que a maioria das prostitutas são mulheres e a vastíssima maioria dos clientes são homens. É certo que existem prostitutos masculinos, muitos dos quais toxicodependentes e jovens que recorrem à prostituição ocasional para aumentar os seus rendimentos, mas os seus clientes são quase exclusivamente homens. Isto significa que as mulheres raramente pagam aos homens para ter sexo. Um desses raros casos é o de algumas mulheres canadianas que viajam até à República Dominicana, para ter "sexual affairs" com "beach boys" nativos. No turismo sexual que flui dos países ricos para os países pobres, os homens dos países ricos viajam frequentemente para os países pobres, tais como Cuba e países asiáticos, em busca de "sexo de baixo-custo". Com excepção de uns poucos casos, a indústria da prostituição, incluindo a prostituição homossexual, reflecte o princípio fundamental da teoria da troca social: os homens oferecem recursos financeiros às mulheres em troca de sexo. E, mesmo nos casos contrários de prostituição masculina, a sexualidade masculina vale, no mercado sexual, muitíssimo menos do que a sexualidade feminina: as mulheres que frequentam gigolos são muito menos propensas a oferecer grandes quantias de dinheiro do que os homens, em troca de favores sexuais.
J Francisco Saraiva de Sousa

76 comentários:

Denise disse...

Não poderíamos também pensar o inverso? Isto é, os homens como objecto que satisfazem as necessidades sexuais das mulheres...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Denise

Ainda não conclui o post. Porém, não são os homens que vendem o corpo em troca de recursos (dinheiro). Mesmo na sociedade actual, onde a igualdade está garantida, a prostituição masculina é irrelevante. Predomina a prostituição feminina: os homens compram sexo, as mulheres vendem sexo.

Denise disse...

Sim, até porque a necessidade sexual é, regra geral, mais acentuada nos homens que nas mulheres...

Denise disse...

... a comprar, as mulheres comprariam afecto, carinhos, beijos e abraços...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Também estudei a figura do Gigolo e fui conduzido ao Sul do país, porque este fenómeno está muito ligado ao turismo veraneante. A maior parte dos casos vulgares é uma espécie de aventura de duos ou grupos locais masculinos. Como as estrangeiras têm supostamente dinheiro e os homens locais não, estes resolvem divertir-se e lucrar de algum modo com a entrega do pénis: bebidas pagas, algum outro recurso. Depois existem os profissionais, os gigolos propriamente ditos e assumidos. Nalguns casos, passeiam com as mulheres e filhos e as clientes, todos juntos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Contudo, os homens oferecem o pénis facilmente sem o vender: diversão, gratificação.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Como sou corajoso e seguro, avanço com uma previsão: Se as prostitutas forem questionadas quanto à satisfação, responderão que não têm grande gratificação. Os estudos já mostraram isso.

Porém, devido às modas e às ilusões, poderão começar a dizer que sim e, neste caso, devemos estar atentos aos fenómenos de regressão.

Mas, se forem travestis ou transexuais, sim, dizem que procuram gratificação. Cuidado porque eles/as já foram homens disfóricos mas homens... Não me acuse de transfóbico! :)

Denise disse...

Não o acuso de nada, ilustre amigo.
Mas vou lhe confessar uma coisa: eu mesma estou a pensar muito seriamente em suprimir a minha sexualidade. Vou encerrar a minha fábrica de orgasmos e reencaminhar as minhas energias para outro nível de produtividade superior.
Vou apostar também nos afectos assexuados.

E. A. disse...

Bem eu já estava com dores de cabeça por causa da *erda do tempo, mas ler ameaças de castidade, ainda me comprime mais o meu cérebro.

Denise sorria e hoje à noite se renunciar a orgasmos, veja o documentário sobre Toulouse-Lautrec, o pintor do Moulin Rouge!

Ah Moulin Rouge! :)))

Denise disse...

Amiga esvoaçante,
Que mal há na castidade? Antes a castidade que sexo frustrado :))))
Mas isto pode ser apenas reflexo de ver tanto homem de fato de banho e olhar maroto na praia. Já enjoa.
Não vou perder o documentário. Aliás, há semanas que não vejo televisão. Hoje vou fazer um pausa e com sorte ainda consiga um episódio do CSi ou da letra L para descomprimir o cérebro.

E. A. disse...

Amiga Denise,

A precisar de umas lições de sobrevivência neste mundo selvagem das relações afectivo-sexuais... mas não se preocupe! Tudo se irá resolver pelo melhor. A bonança virá. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hummm..., estou a pensar que um argumento adicional é a diferença entre ciúme sexual e ciúme emocional: os homens temem ser traídos; as mulheres abandonadas...

Báaaaaaaaa

Denise disse...

Não é a traição, a desonestidade, a mentira, uma forma de abandono? Não tememos, afinal, todos o mesmo?

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Denise

Um dia escrevo sobre o ciúme e as mentiras privadas!

O homem tem mais ciúme sexual; teme que a mulher engravide de outro e ele fica com o custo de uma falsa paternidade.

Aliás, as mulheres engravidam mais facilmente com esperma estranho, um namorado furtivo, do que com o sémen do parceiro.

A mulher tem ciúme emocional; teme ser trocada e abandonada e que o parceiro gaste recursos a sustentar outra mulher e eventuais filhos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A dupla-infidelidade não funciona nos estudos:

homens temem infidelidade sexual; mulheres, infidelidade emocional.

Os gay seguem padrão feminino (i. emocional) e as lésbicas, padrão masculino (i. sexual). Porque os gay, 7 vezes mais, têm encontros sexuais com "estranhos".

A infidelidade emocional leva mais facilmente à separação e eis o "medo" das mulheres.

Por isso, a teoria do controle feminino prevê que a mulher que zele pela fonte do seu rendimento, sem o entregar ao desbarato, consegue agarrar o homem e criar laço afectivo. Este, o homem, deseja, a facilidade, a gratificação sexual, sem compromissos e sem afectos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E vou dedicar-lhe esse post sobre o ciúme. :)

Denise disse...

Ahaha! E ainda hoje me acusaram de ciumenta :)))
O Francisco é mesmo querido!

Sabe o que eu acho? Que o ciúme sexual é uma variante do ciúme emocional, porque só se faz sexo quando se está apaixonado(a) e quando se gosta muito, muitíssimo de alguém. Logo, a entrega ao sexo é uma entrega emocional.

Quanto ao sexo ocasional, com estranho, que foge àquilo que acabo de afirmar, creio que se deva a alguma particularidade de solidão. Nesses contextos, o sexo é uma forma de se estar com um outro, mesmo que de forma ilusória; migalhas de afectos.

Denise disse...

O ciúme sexual, no que ao engravidar diz respeito, já n faz sentido. Hoje, só engravidam os que querem ou os irresponsáveis, fora alguma excepção que sempre pode acontecer.

Eu sou mulher e tb tenho ciúme sexual: não gosto de partilhar o homem com quem tenho uma relação amorosa com outras ou outros. E, claro, também o ciúme emocional.
Mas não sou exageradamente ciumenta.
Acho que o ciúme pode ser algo de doentio e muito, muitíssimo, pernicioso. Sufocante. Castrador.
Aliás, numa relação saudável, há sempre o factor confiança. Embroa haja também aquele medo pequenino de perdermos quem desejamos ;-)

Denise disse...

Aliás, o ciúme é muito irracional, mesmo que nos animais, acho, o ciúme não exista.
É que ninguém é de ninguém...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hummm... Não sei se "ninguém é de ninguém".

Quando a relação assenta em vínculo afectivo, eles pertencem-se um ao outro. O ciúme é saudável e pode ajudar a manter a qualidade da relação. Onde não há ciúme, não há amor. (Excluo o ciúme patológico que leva à violência ou mesmo ao crime.) Por isso, se tema o ciúme emocional; o homem faz sexo sem afecto. E pode dizer à mulher: trai-te mas não te troquei. Sexo não é igual a laço afectivo. Se criar afecto pela outra, deixa a mulher!

E. A. disse...

É verdade, "ninguém é de ninguém" esse verso tão verdadeiro do poeta popular João Pedro Pais! ;)))

Um beijinho, Denise! E outro para o "querido" Francisco!

Beijo-vos e vou-me :)

E. A. disse...

"trai-te mas não te troquei".

Isso é típico de macho, mas é sempre insustentável. Muito difícil de manter uma relação no equilíbrio, depois de uma traição assumida... muito difícil mesmo.

Denise disse...

Ninguém é de ninguém
Entendo-o como a negação da posse. Mesmo casada, eu não possuo o «meu» marido, assim como não possuo os «meus filhos», nem os «meus» amigos, nem o «meu» namorado, nem os «meus» amantes . Há, no entanto, o outro lado, o da doação: enquanto casada eu doo-me ao marido, aos filhos, aos amigos, ao namorado, aos amantes.
O ciúme doentio nasce da ideia de poder sobre o outro. O ciúme saudável nasce do medo de o outro deixar de querer doar-se a nós. Essa doação, que é feita de livre vontade, é a mais significativa porque autêntica.

Partilho da sua ideia de casamento como forma de prostituição. Nalguns casos, os homens acham que por estarem casados as mulheres têm de ter disponibilidade sexual; as mulheres por seu turno acham que os maridos deixaram de viver para as amizades do sexo oposto. São casamentos doentios.

Denise disse...

Concordo consigo, Papillon: os homens têm às vezes uma grande lábia e pensam que nos convencem, mas nós somos-lhes muito superiores :)))
Um beijinho para si também!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Oi amigos e amigas

Tenho estado ocupado e a meditar...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O próximo post será dedicado à subincisão e infibulação...

Denise disse...

Os dominicanos são homens extremamente bonitos e atraentes. Não admira que as canadianas os procurem. É uma questão de bom gosto. Quando estive na Rep. Dom. fui assediada umas quantas vezes e é preciso saber dominar o corpo para não ceder a cantilenas sereícas.
Elas também têm os seus truques de sensualidade e pelo que pude verificar são bastante procuradas.
Na prostituição masculina o prostituto tem prazer, porque a erecção não engana. Haverá casos em que a mulher-cliente não o excitará e isso poderá causar problemas. Ignoro como funcionam as coisas quando isso acontece.

Denise disse...

... e venha o novo post, amigo meditativo! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem amiga "amiga dos dominicanos"

Referia-se à tusa dos prostitutos? Pelo que me contaram, isso de ficar sem tusa não lhes sucede, porque divagam e excitam-se... È mais uma sessão de masturbação assistida, quando a cliente não o atrai.

Estive a veranear e ainda não alinhavei o post sobre mutilações genitais. :)

E. A. disse...

Tema muito interessante, o do seu próximo post!

Mas, prostituição masculina... q tema sacrílego! E hoje que estive em dia de graça com a minha menina. :)

«Tenho uma bela menina
tão gémea, tão! das flores
de ouro: amor só meu
e chama-se *****
Não a daria nunca por toda a Lídia
e nunca por Lesbos
a daria também.»
Safo

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Papillon

Que menina? :)
Só vou tratar da sexualidade feminina: deixo os homens de fora, bem como as suas mutilações genitais. :)

E. A. disse...

A bela menina é a minha sobrinha, hoje brincámos muito juntas. :) A filha de Safo chamava-se Cleis, mas eu apropriei-me do poema a pensar na M.

Fico à espera da sua reflexão sobre o assunto; com acções que implicam sofrimento humano, devemos marcar posição.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Papillon está hoje muito "bruninha": o BB é que defendia essa tese de que tendências pré-edipianas levam as criaturas a ansiar pelo status de género adulto sem vestígios do sexo oposto. Se for rapariga, não precisa do clitóris; se for rapaz, não precisa de prepúcio: a glande descoberta é sinal de virilidade adulta. :)

E. A. disse...

Quem é o BB?
Só conheço a BB - Brigitte Bardot.

Aliás não percebi, de todo, o seu comentário. Se tiver tempo e paciência, queira reformulá-lo, pleeeease. :)

Denise disse...

BB = Bruno Betheleim, creio.
Aguardo, tb, a reformulação do F. :))))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

BB é o Bruno Bettelheim, um psicanalista que escreveu sobre os rituais de passagem, durante os quais são praticadas algumas mutilações, em especial genitais.

Ele diz que o rapaz também tem inveja do sexo feminino, tal como a rapariga inveja o pénis. Uma vulva com clitóris tem a presença de algo que não lhe pertence; um pénis com prepúcio tem a presença do sexo oposto. Esta ambivalência leva os seres a desejar a mutilação genital, de modo a assumir plenamente o seu estatuto de género, biológico e cultural.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E isso é muito anterior ao complexo de Édipo... Aliás, ele pensa que a inveja masculina pelo sexo feminino recua à nossa filogénese: a concepção e a maternidade são "invejadas" pelos homens. O travestismo pode também ser explicado desse modo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bem, ele era judeu e esteve retido em dois campos de extermínio e tratou depois de crianças autistas. A circuncisão não foi praticada na América pré-colombiana nem na Europa: esse hábito é judaico-islâmico.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E, como falou de sofrimento, pensei e associei ao facto dos jovens deverem sofrer essas mutilações silenciosamente: sinal de virilidade. Contudo, o BB esqueceu que a discissão da uretra praticada por certas tribos australianas impede a fecundação e é usada para manter o controle (intra)masculino...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A BB - Brigitte Bardot ainda é viva ou já é defunta? Não me lembro dessa BB! Associo-a a peles e sexo... ;)

E. A. disse...

Eu apenas pensei na infibulação que é terrível. Marcar posição = não sermos indiferentes ao sofrimento alheio. Sinceramente, não pensei nos homens. Quer dizer, pensei no meu ex q era circuncidado.

E. A. disse...

A BB é um dos ícones do séx. XX! "E Deus criou a Mulher..."

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Eles(as) "marcam posição" no novo estatuto de adultos: as mulheres podem casar-se depois da excisão do clitóris..., segundo as práticas e crenças dos povos que a praticam.

Eu penso que nós ocidentais não temos nada a ver com o assunto e devemos respeitar essas tradições, até porque as mulheres ocidentais andam no Sudão a oferecer sexo a custo zero e a condenar as nativas...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

É por isso que essas mulhueres, em especial as tailandesas, desprezam as mulheres ocidentais: são fáceis, fazem sexo a custo zero e, por vezes, compram sexo. Isto merece ser pensado... :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Uma feminista alemã condenou a atitude das organizações feministas ocidentais: chama-se Germaine Greer e condenou o etnocentrismo das feministas da Europa...

E. A. disse...

Eu acho que não, isto é, que temos a ver com isso. O nosso império é os direitos humanos.
É previsto que a Mutilação Genital Feminina vá desaparecer no passo de uma ou duas gerações.

As tailandesas acham as ocidentais fáceis? Que lata! Na Tailândia há centenas de agências matrimoniais para tailandesas nativas encontrarem brancos ocidentais...

Desconheço o que se passa no Sudão.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os homens submetidos à discisão da uretra urinam como as mulheres, pela força da gravidade. Tadinhos!

Ah, a Papillon refere-se às "mulheres cosidas" dos Somalis? Sim, a vulva é cosida e aberta só para o casamento... Mas não são os homens que decidem ou fazem tais cirurgias genitais: são as mulheres. Competição intrassexual!

E. A. disse...

Mas, concordo consigo as mulheres deveriam ser mais difíceis.
Acho que se devem afirmar, irredutivelmente, como seres sexuais, mas deveriam ser mais contidas e seguras no seu comportamento. De qualquer maneira, quero pensar que seja uma fase de euforia a antever isto que afirmo como ideal. :)

Sim, referia-me àquilo que conheço, mas esperarei, ansiosa, pelo seu post, para passar a conhecer essas variações de mutilações.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E porque não reagem do mesmo modo em relação à circuncisão masculina? Também é uma mutilação genital!

Casar implica investimento masculino! É diferente de custo zero...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Eu não sou favorável a mutilações genitais e nunca desejei livrar-me de nada... Mas a nossa cultura é cristã...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Porém, com excepção daqueles casos de violência gritante, não era capaz de inferiorizar essas mulheres com o clitóris mutilado ou a vulva reduzida... Parece-me hipócrita... e nós tb temos costumes bizarros e ridículos...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E os piercings? Também implicam mutilações e perfurações! Feitas em nome do prazer? Será?

E. A. disse...

Porque, o único homem que conheci cicuncidado (ou melhor, que sabia q era, dado termos uma relação íntima) não se queixava. Apesar de dizer que o pénis dele era muito sensível.

Ah, quer dizer, as tailandesas, coitadinhas, querem casar e uma passagem para uma vida economicamente estável; as ocidentais querem prazer que é algo natural... as mulheres têm desejo! Nunca leu a Anna Karenina? Ou O Amante de Lady Chatterley? Desejo, desejo, desejo. É legítimo. :)

E. A. disse...

Os piercings nos órgãos genitais... já falámos sobre isso. Não sei se ampliarão o prazer, por isso n sei se serão em nome do prazer sexual, ou se de mera estética corporal.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E quem negou o desejo? E quem disse que gostava de tailandesas? Eu não..., mas como sabe as mulheres ocidentais nas suas férias fazem muitas cenas com todo o seu desejo.

Sim, a circunsição desprotege a glande e, em termos de saúde, deixa o homem entregue a todas as ameaças. Também não acredito que tenham maior prazer sexual...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Baralhei as letras... :)

E. A. disse...

Sim é verdade. Mas as mulheres ocidentais piores são as nórdicas. Os meus amigos dizem que comem lá com muita facilidade... então, tenho um amigo preto cabo-verdiano que vai com muita frequência à Holanda e diz que nem precisa de fazer nada - é invadido!
E as inglesas - nós vemos as "figuras" que elas fazem aqui em Portugal... :((

E. A. disse...

Só falta o letreiro na testa - f*ck me, please. :)))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A infibulação nos homens visa impedir as relações sexuais: o prepúcio é perfurado, de modo a introduzir um anel ou fivela destinados a fechá-lo.

Nas mulheres, depois da excisão do clitóris, as paredes labiais da vulva são cosidas, de modo a reduzir aproximadamente a metade o diâmetro do orifício vaginal.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sim, as inglesas não usam cuecas, mesmo no seu país... :)

E. A. disse...

Consigo perceber visualmente a infibulação feminina, mas não masculina. :(
Podia fazer post com imagem.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Nunca viu? Vou ver se arranjo imagem já digitalizada... Ficam impedidos de funcionar, porque a glande fica fechada dentro do prepúcio. È como atar uma corda e fechar o cartucho... mais ou menos...

E. A. disse...

Hmmmm... se puder publique! Mas porque isso acontece? Razões culturais, também?

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

É para os impedir de fazer sexo; depois na idade certa são libertos disso, tal como as mulheres cosidas.

Conhece o anel de couro usado para reter o sangue e manter a erecção? Imagine um anel a fechar o prepúcio..., dificulta a estimulação da glande; portanto efeito contrário ao anel colocado na base do pénis que puxa a pele e descobre a glande...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

E outros aplicam-no de modo a incluir o escroto e os testículos, o que pode libertar pele em excesso, depende do material...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

(Rapazes)

Quem não tiver um anel de couro bom pode usar um elástico de cabelo e dar duas voltas: o zé fica sempre em pé... (Estou a brincar mas é verdade.)

E. A. disse...

Hmmmm... claro que tb sou avessa à brutalidade no masculino!

Só soube da existência desse anel, estimulador da erecção, por si, noutra conversa! Mas acho que consegui perceber! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Já viu: os homens não usam isso e não precisam, mas se o usarem ficam super-tesos: é o nosso impulso sádico ou busca de excitação total...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ou quem pratica orgasmo Nero? Quase ninguém... e fazem bem, mas essa técnica trabalha o pénis (dilata-o)...

E. A. disse...

Francisco,

Com este assunto fez-me lembrar um outro, que, se for do seu interesse, poderia dar um post e largas reflexões. O uso prolongado, ainda que a título recreativo, de drogas, nomeadamente as da moda - cocaína, ecstasy - podem causar disfunções erécteis em homens ainda jovens, recorrendo, por causa disso ao viagra e outros... vertigem de fármacos! Não sei se há estudos sobre isto.

E. A. disse...

Não conheço esse orgasmo Nero, mas pelo nome deve ser muito ardente! :)))

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Há muitos estudos sobre isso: o viagra é uma estupidez metabólica "cara".

Sim, essas drogas (e outras) ajudam muito e geralmente são tomadas tb com esse objectivo... Assisti a algumas sessões para observar esses efeitos... e fazem isso quase à luz do dia.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Claro, essas técnicas são viciantes e a pessoa pode ficar satisfeita com o aparelho e não ligar à mulher, mas nalguns casos pode ser um jogo para o casal ou par... imaginação erótica faz bem...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Essa erecção durante um dia é terrível, porque dói, doi, doi...

E. A. disse...

Claro que sim - que a imaginação erótica faz bem!
E conversar consigo é sempre um prazer, porque nos instrui a cada passo! Sobre quase tudo! É um sábio inteiro! :)

Boa noite! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Boa noite Papillon. Durma bem. :)