sexta-feira, 27 de julho de 2007

Interaccionismo Simbólico e Comunicação

LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E INTERACÇÃO SIMBÓLICA



O interaccionismo simbólico, formulação teórica oriunda principalmente do campo da sociologia, é a mais ampla perspectiva sobre o papel da comunicação na sociedade, fornecendo um excelente ponto de partida para muitas outras teorias da interacção social. De facto, os proponentes do interaccionismo simbólico sustentam que muitas das teorias da comunicação, linguagem e socialização estão realmente incluídas nesse quadro de referência mais amplo. Na realidade, o interaccionismo simbólico não é uma teoria mas antes uma problemática teórica que pode englobar numerosas teorias específicas. As teorias inter-relacionam-se, sobrepõem-se e inserem-se em padrões teóricos e, frequentemente, é difícil saber onde termina uma teoria e começa outra. No entanto, todas essas teorias aceitam o princípio fundamental do interaccionismo simbólico, a saber: A comunicação é primordialmente um processo de interacção simbólica.

PREMISSAS COMUNS. O interaccionismo simbólico baseia-se num núcleo de premissas comuns sobre comunicação e sociedade. Manis e Meltzer isolaram seis proposições teóricas básicas do interaccionismo simbólico:

· A primeira premissa diz que a mente, o eu e a sociedade não são estruturas distintas mas processos de interacção pessoal e interpessoal.
· Em segundo lugar, a interacção simbólica é um ponto de vista que enfatiza a linguagem como o mecanismo primário que culmina na mente e no eu do indivíduo.
· Em terceiro lugar, a mente é concebida como a interiorização de processos sociais no indivíduo.
· Em quarto lugar, os interaccionistas simbólicos defendem que os comportamentos são construídos pela pessoa no decurso da sua acção. O comportamento não é puramente reactivo, de um modo mecanicista.
· Em quinto lugar, o veículo primário para o comportamento humano é a definição da situação dada pelo actor social.
· Finalmente, o eu é constituído, na perspectiva da maioria dos interaccionistas, por definições tanto sociais como pessoais (de natureza única). Nesse sentido, a pessoa contém a sociedade em si mesma, sem, no entanto, ser apenas um espelho dos outros significativos.

BREVE HISTÓRIA. Cronologicamente, Manford Kuhn dividiu o desenvolvimento do interaccionismo simbólico em duas etapas principais:

· A primeira, a que deu o nome de tradição oral, foi o período inicial durante o qual se elaboraram os fundamentos primários da interacção simbólica.
· Depois da publicação póstuma de Mind, Self and Society, da autoria de George Mead, floresceu o segundo período, que pode ser designado como a idade da indagação.

Obviamente, o conceito de interacção simbólica não surgiu da noite para o dia na mente de algum pensador solitário. Ele pode ter a sua origem remota na psicologia de William James. Os principais interaccionistas na tradição primitiva foram Charles Cooley, John Dewey, I. A. Thomas e George Herbert Mead. Antes da publicação final das ideias de Mead sobre comunicação, a perspectiva interaccionista foi principalmente animada e sustentada através da transmissão oral, especialmente nas aulas de Mead. Embora Mead não tivesse publicado as suas ideias em vida, ele é considerado o grande instigador do interaccionismo simbólico.

TRADIÇÃO ORAL. Foi durante esse primeiro período meadino que se desenvolveram as mais importantes ideias e conceitos da teoria. Mead e outros interaccionistas separaram-se das perspectivas sociológicas primitivas que distinguiam conceptualmente entre a pessoa e a sociedade: Mead via os seres humanos e a sociedade como inseparáveis e interdependentes. O interaccionismo desse primeiro período destacava a importância do desenvolvimento social, bem como dos factores biológicos inatos. Além disso, os primeiros interaccionistas simbólicos estavam menos interessados no modo como as pessoas comunicavam entre si do que no impacto dessa comunicação sobre a sociedade e os indivíduos. Sobretudo, os primeiros interaccionistas enfatizaram o papel do símbolo e do significado compartilhado como factor aglutinante na sociedade. Finalmente, eles preocupavam-se sobremodo com a necessidade de estudar a relação dos seres humanos com a situação social. Sustentavam que o comportamento da pessoa não podia ser estudado independentemente do contexto em que o comportamento ocorria e da percepção que ela tinha do seu meio ambiente. Um resultado dessa preocupação foi o facto de favorecerem vigorosamente as histórias de casos como método de pesquisa.

IDADE DA INDAGAÇÃO. Nos anos que se seguiram à publicação de Mind, Self and Society, durante a idade da indagação, duas escolas divergentes começaram a desenvolver-se no âmbito do interaccionismo simbólico. As formulações originais de Mead não eram inteiramente coerentes e deram margem, definitivamente, a interpretações e a extensões divergentes. Surgiram assim as escolas de Chicago e de Iowa.
A Escola de Chicago, liderada por Herbert Blumer, deu continuidade à tradição humanista iniciada por Mead. Blumer acredita, sobretudo, que o estudo dos seres humanos não pode ser conduzido da mesma forma que o estudo das coisas. As metas do pesquisador devem ser estas: empatizar com o sujeito, penetrar no seu domínio de experiência e tentar entender o valor ímpar da pessoa. Blumer e os seus seguidores detestavam as abordagens quantitativa e científica no estudo do comportamento humano. Em vez disso, destacavam as biografias, autobiografias, estudos de casos individuais, diários, cartas e entrevistas não-dirigidas. Blumer realçou particularmente a importância da observação participante no estudo da comunicação.
Além disso, na tradição de Chicago, o homem é visto como um ser criativo, inovador e livre para definir cada situação de um modo único e imprevisível. O eu e a sociedade são considerados um processo, não uma estrutura. Imobilizar o processo seria perder a essência das relações homem-sociedade.
A Escola de Iowa adoptou uma abordagem mais científica do estudo da interacção. Manford Kuhn, o principal progenitor da tradição de Iowa, acreditava que os conceitos interaccionistas podem ser operacionalizados. Embora admitisse a natureza de processo do comportamento, Kuhn defendeu que a abordagem estrutural objectiva é mais fecunda para a investigação do que os métodos “soft” usados por Blumer. Kuhn foi responsável por uma das principais técnicas de mensuração usadas na pesquisa da interacção simbólica.
Largamente como resultado dessa divisão básica na tentativa de resolver algumas das ambiguidades deixadas por Mead, numerosos temas desenvolveram-se nos últimos 30 anos. Kuhn enumerou seis subáreas principais: teoria do papel social, teoria do grupo de referência, percepção social e percepção pessoal, teoria do eu, teoria interpessoal e linguagem e cultura. Resta ver se todos esses teóricos prestam obediência ao interaccionismo simbólico, mas é provável que todas essas áreas tenham sido imensamente influenciadas pelos escritos dos principais interaccionistas simbólicos.

OS FUNDAMENTOS: GEORGE HERBERT MEAD. Embora seja um equívoco atribuir todas as ideias básicas subentendidas no interaccionismo simbólico a uma única pessoa, George Herbert Mead foi, indubitavelmente, o gerador primordial do movimento. Nesse sentido, Mead pode ser muito bem chamado o “pai” do interaccionismo simbólico. Como quase todos os teóricos, Mead foi um produto do seu tempo. No período pós-darwiniano, nos começos do século XX, Mead acompanhou outros no tipo de pensamento necessário nesse ponto da história das ideias. Mead era simultaneamente pragmático, psicólogo social e behaviorista. Entretanto, em aspectos fundamentais, afastou-se dos seus predecessores e contribuiu para muitas ideias deles.
Depois da teoria da evolução biológica de Darwin, filósofos em diversas disciplinas afins voltaram o seu pensamento para a perspectiva evolucionista. Passou a ser tarefa do pragmático conjugar ideias da biologia, psicologia e sociologia, a fim de estudar a pessoa como um ser evolucionário. Mead era, desde longa data, um colaborador de John Dewey, um dos principais pragmáticos norte-americanos. Depois de se conhecerem na Universidade de Michigan, Dewey e Mead tornaram-se, social e profissionalmente, grandes amigos. Leccionaram juntos na Universidade de Michigan e depois na de Chicago. Como todos os pragmáticos, Mead não se deixava iludir pela conduta humana. Tentou explicar o indivíduo e a sociedade em termos significativos e, em última instância, observáveis.

PSICÓLOGO SOCIAL. Profissionalmente, Mead considerava-se um psicólogo social. Não era primordialmente um pesquisador, pois não considerava tarefa sua colectar novos dados. Preferiu trabalhar com as provas facilmente acessíveis à sua volta para formular explicações da conduta em questões humanas. As suas obras estão repletas de ilustrações comuns, não para provar mas para demonstrar. As concepções de Mead eram compatíveis com as de outros interaccionistas do seu tempo, mas criticou-os por não desenvolverem os conceitos de mente e eu como produto da interacção social. Como psicólogo social, Mead não evitou os factores biológicos na sua teoria; de facto, ele considerou o potencial biológico herdado de uma pessoa um antecedente para o processo inteiro de socialização que culmina no eu e na mente.

BEHAVIORISTA. Mead também era um behaviorista. Mas, ao usarmos este termo, devemos ser cuidadosos na especificação do sentido em que Mead aceitava o behaviorismo social. Tal como os behavioristas psicológicos do seu tempo, nomeadamente Watson, Mead respeitava a importância de se investigar a real conduta humana. Entretanto, Mead estava disposto a ultrapassar os níveis infrahumanos que preocupavam os behavioristas watsonianos. Para Mead, o organismo entre estímulo e resposta, a pequena caixa negra, não era inatingível. Por conseguinte, a psicologia de Mead era distintamente humana, e ele usou o acto social como unidade básica de análise. Esse acto social, como veremos, inclui uma área manifesta ou pública, e um domínio encoberto ou privado.
Mead rompeu com o behaviorismo mais rígido e limitado ao proclamar que o comportamento humano é qualitativamente diferente do comportamento sub-humano. Ao contrário do que acontece com o rato num labirinto, a conduta humana deve ser basicamente explicada em termos sociais. Outra manifestação do behaviorismo de Mead foi a sua convicção de que o mundo físico estudado pela ciência é sempre mediado pela experiência humana. Os objectos só se tornam objectos por causa da percepção e experiência deles por uma pessoa.

As obras de Mead foram compiladas e editadas após a sua morte em 1931. Em consequência, os livros de Mead parecem episódicos, em certos trechos, e nem sempre bem organizados. De facto, o seu mais conhecido livro, Mind, Self and Society, foi compilado a partir de apontamentos feitos pelos seus alunos. The Philosophy of the Present, publicado em 1932, é um conjunto de lições sobre filosofia da história. Mind, Self and Society, a “bíblia” do interaccionismo simbólico, foi editado em 1934. Movements of Thought in the 19th century, conferências sobre a história das ideias, veio a lume em 1936. E, em 1938, publicou-se Philosophy of the Act.

TEORIA DE MEAD. Os três conceitos cardeais na teoria de Mead, expressos no título da sua obra mais célebre, são sociedade, eu e mente. Entretanto, mostraremos que essas categorias não são distintas. Pelo contrário, são ênfases diferentes sobre o mesmo processo geral: o acto social. Básica no pensamento de Mead é a noção de que o homem é um actor e não um reactor. O acto social é um conceito abrangente sob o qual podem abrigar-se quase todos os outros processos psicológicos e sociais. O acto é uma unidade completa de conduta, uma Gestalt, a qual não pode ser analisada em subpartes específicas. Um acto humano pode ser breve, como amarrar um sapato, ou pode ser a realização de um plano de vida. Os actos inter-relacionam-se e estruturam-se uns sobre os outros, em forma hierárquica, ao longo da vida da pessoa.
Os actos começam com um impulso; envolvem percepção e, atribuição de significado, repetição mental e ponderação de alternativas na cabeça da pessoa, e consumação final. Em sua mais básica forma, um acto social é uma relação triádica que consiste num gesto inicial de um indivíduo, uma resposta a esse gesto por outro indivíduo (encoberta ou abertamente), e uma resultante do acto, a qual é percebida ou imaginada por ambas as partes na interacção. Num assalto à mão armada, por exemplo, o assaltante indica à vítima o que pretende fazer. A vítima responde entregando dinheiro e, no gesto inicial e na resposta, ocorreu a resultante definida (um assalto).

SOCIEDADE. Com essa noção básica em mente, examinemos mais de perto a primeira faceta da análise meadiana: a sociedade. Basicamente, a sociedade ou vida em grupo é um aglomerado de comportamentos cooperativos exibidos por parte dos seus membros. Os animais inferiores também têm sociedades, mas estas diferem da sociedade humana em certos aspectos fundamentais. Sociedades animais como as da abelha baseiam-se na necessidade biológica. Elas são fisiologicamente determinadas. Logo, uma sociedade animal comporta-se o tempo todo de maneira previsível, estável e inalterada. O que é que distingue, pois, o comportamento cooperativo humano?
Existem duas importantes funções na cooperação humana.
  • Em primeiro lugar, uma pessoa deve chegar a entender as intenções do outro comunicador.
  • Ela deve perceber as acções do outro, mas, num sentido mais importante, deve imaginar o que o outro pretende fazer no futuro. Uma vez que «reflectir mentalmente» ou pensar é um processo de imaginar que acções serão empreendidas pela pessoa no futuro próximo ou distante, parte do processo de «sondar» o outro consiste em tentar avaliar como o outro planeia responder a seguir. Assim, a cooperação consiste em «ler» as acções e intenções da outra pessoa e em responder de um modo apropriado. Isso é a essência da comunicação interpessoal, e essa noção de resposta mútua com o uso da linguagem faz do interaccionismo simbólico uma teoria vital da comunicação.

Ora, os animais podem comunicar-se mediante processos elementares; mas é esse comportamento único do uso de símbolos que distingue a comunicação do homem em sociedade. Diz-se que as espécies sub-humanas realizam uma conversação de gestos. Mas esses gestos são apenas sinais, pois evocam respostas instintivas programadas e previsíveis. Por exemplo, uma galinha pode cacarejar e os seus pintos correrão para ela. Ou um cão rosnará e arreganhará o focinho quando deparar com outro cão hostil. Mas não existe um significado interno nesses actos para os animais em questão. Os animais não atribuem um significado consciente aos gestos; eles não «reflectem» sobre as suas respostas. Esse tipo de comunicação de sinais nas espécies infra-humanas realiza-se rapidamente, sem interrupção.
Por outro lado, os seres humanos fazem uso de símbolos na sua comunicação. As pessoas levam a efeito conscientemente um processo de manipulação mental, demorando a resposta e atribuindo significado aos gestos de outras. O símbolo é interpretado pelo receptor.
Vejamos um exemplo: Suponhamos, por um momento, que dois homens estão sentados lado a lado em bancos de um bar. O primeiro homem, acidentalmente, apanha a bebida errada. O outro homem enfurece-se; fecha o punho, leva o braço ligeiramente atrás e diz: — Eh, você... —. O primeiro homem percebe o gesto. Em sua imaginação, calcula a intenção do outro: dar-lhe um soco no nariz. Interpreta os símbolos, atribui-lhes um significado e planeia a sua própria resposta. Num momento, responde: — Oh, não me agrida. Foi um acidente —. A sua explicação ao outro, nesse momento, evita uma experiência sumamente embaraçosa e, diga-se de passagem, dolorosa. É claro, isso é um exemplo muito simples de um acto social, mas ilustra a natureza cooperativa, adaptativa e receptiva do comportamento consciente que recorre ao uso de símbolos. Se os nossos dois personagens fossem cães e um tivesse violado o território do outro, o desfecho teria sido muito mais previsível.
Há outro aspecto importante nessa ideia da sociedade como uma série de interacções cooperativas, fundadas no uso de símbolos. Os símbolos usados devem possuir um significado compartilhado pelos indivíduos na sociedade. Na terminologia meadiana, um gesto com significado compartilhado é um símbolo significante. Em suma, a sociedade nasce nos símbolos significantes do grupo. Em virtude da nossa capacidade para vocalizar símbolos significantes, podemos literalmente ouvir-nos e, assim, responder a nós próprios como os outros nos respondem. Podemos imaginar o que é ser o receptor das nossas próprias mensagens, empatizando assim com o ouvinte e assumindo o papel de ouvinte, completando a resposta do outro nas nossas próprias cabeças. Essa interacção entre responder a outros e responder ao eu é uma concepção extremamente importante na teoria de Mead e fornece uma excelente transição para o segundo membro da tríade: o eu.
EU. Afirmar que uma pessoa tem um eu sugere que o indivíduo pode actuar em relação a si mesmo, tal como pode actuar em relação aos outros. Uma pessoa pode reagir favoravelmente a si mesma, pode sentir-se orgulhosa, feliz, encorajada; ou ficar furiosa consigo mesma, punitiva ou revoltada. O modo primário como um homem passa a ver-se tal como os outros o vêem (isto é, possui um conceito de eu) é a adopção de um papel. Evidentemente, isso seria impossível sem linguagem (símbolos significantes), visto que, através da linguagem, a criança aprende as respostas, intenções e definições dos outros, incluindo as definições que eles lhe atribuem.
Mead descreveu duas fases explícitas de desenvolvimento do eu e uma fase inicial implícita, ou seja, três estágios através dos quais uma pessoa aprende a desempenhar papéis adultos:

  • O primeiro estágio é o preparatório (1-3 anos). Nele, a criança pequena imita as pessoas à sua volta, reproduzindo os gestos delas de um modo desprovido de significado. Durante este estágio, a criança imita o comportamento adulto, sem entender realmente o que está a fazer, como quando a menina abraça a boneca e depois usa-a como um bastão para bater no irmão. O bebé pode apanhar um jornal ou calçar os sapatos do papá, ou espetar um pedaço de carne com um pequeno garfo. Isso é uma fase puramente preliminar, em que a criança não possui significados para os actos que imita.
  • Mais tarde, porém, no estágio teatral ou de actuação (3-4 anos), a criança representa literalmente o papel de outros significativos no seu meio ambiente. Ao representar mamã e papá, ou o doutor, ou o bombeiro, uma criança no estágio teatral fingirá ser outra pessoa e actuará em relação a um receptor que, na realidade, é ela própria. O estágio teatral desenrola-se em sequência, na medida em que cada papel é adoptado separadamente, à semelhança de um actor representando papéis prescritos. É marcado pela desorganização e pelo movimento esporádico de um papel para outro. Não se mantém um ponto de vista unitário e, assim, a criança não desenvolve uma concepção singular de si mesma. Embora tenham um certo entendimento do comportamento, as crianças passam de um papel para outro erraticamente. Num dado momento, o menino é um construtor, empilhando blocos, e, no momento seguinte, já é um astronauta.
  • Finalmente, vem o estágio de jogo ou da actuação de acordo com as regras do jogo (4-5 ou mais anos), quando o comportamento de papel se torna coerente e deliberado, com uma habilidade para perceber o papel dos demais jogadores. O indivíduo passa a responder simultaneamente, de um modo generalizado, a muitos outros, mais precisamente ao outro generalizado que é, no fundo, a própria sociedade. Mead forneceu a analogia do jogo de beisebol, em que cada jogador deve possuir uma visão simultânea de todos os nove papéis e adaptar-se (responder) em conformidade com eles, ou seja, precisa interiorizar o seu próprio papel, bem como o dos demais jogadores. O que ocorre nesse estágio é que a pessoa deve generalizar um papel compósito das definições dela por todos os outros. Assim, através da brincadeira infantil, a pessoa desenvolve a habilidade para ver o seu próprio comportamento na sua relação com os outros e sentir a reacção das pessoas envolvidas.

Uma das principais contribuições de Mead é, portanto, o conceito do outro generalizado. É através desta consciência dos papéis, sentimentos e valores dos outros que toma forma nas nossas mentes o outro generalizado. Este é aproximadamente equacionado com os padrões ou valores da comunidade. O outro generalizado é o papel unificado em decorrência do qual o indivíduo passa a ver-se a si mesmo. É a percepção do indivíduo do modo global como os outros o vêem. O conceito de eu será finalmente organizado e unificado através da internalização desse outro generalizado. Tomando repetidamente o papel de outro generalizado, uma pessoa desenvolve o conceito do eu — da espécie de pessoa que é —, ao mesmo tempo que aplica repetidamente os julgamentos deste outro generalizado às suas próprias acções. A falha em desenvolver esta capacidade para adoptar o ponto de vista de outrem — ou assumir o papel de outrem — parece fazer claudicar o desenvolvimento da personalidade.
Vejamos um exemplo simples: Suponha o leitor que se vê a si mesmo como uma pessoa industriosa e criativa. Esse outro generalizado é o seu conceito unificado de como os outros, em geral, percebem o leitor. Tal conceito foi aprendido ao longo dos anos de interacção simbólica com outras pessoas na sua vida.
O eu possui duas facetas, cada uma delas servindo uma função vital na vida do ser humano. Mead designou-as por eu-mesmo e mim.

  • O eu-mesmo ou si mesmo é a parte única, impulsiva, espontânea, desorganizada, não-dirigida e imprevisível da pessoa.
  • O mim é o outro generalizado, composto de padrões organizados e consistentes compartilhados com outros.
  • Todo acto principia com um impulso proveniente do eu-mesmo e que passa rapidamente a ser controlado pelo mim. O eu-mesmo é a força impulsora em acção, enquanto o mim fornece direcção e orientação. Mead usou o conceito de mim para explicar o comportamento socialmente aceitável e adaptativo, e o eu-mesmo para explicar os impulsos criativos e imprevisíveis dentro da pessoa.

MENTE. O eu, ou a capacidade de actuar em relação ao eu, cria uma situação que não é encontrada nos animais inferiores. A capacidade de usar símbolos significativos para respondermos a nós mesmos leva à possibilidade de experiências interiores e de pensamentos que podem ou não ser consumados na conduta manifesta. É esta última ênfase que constitui a terceira parte da teoria de Mead: a mente.
A mente pode ser definida como o processo de interacção da pessoa com o seu próprio eu. Essa capacidade, que se desenvolve simultaneamente com o eu, é crucial para a vida humana, pois é parte importante de todo e qualquer acto. Reflectir envolve hesitação (protelar a acção aberta) enquanto a pessoa interpreta conscientemente, atribui significado aos estímulos. A reflexão ocorre em torno de situações problemáticas em que o indivíduo deve ponderar o futuro. A pessoa imagina vários resultados na sua cabeça, selecciona e examina possíveis acções alternativas.
O motivo pelo qual a reflexão mental é tão importante para Mead é que ela fornece o fundamento lógico para ver a pessoa como um actor e não como um reactor passivo. Os seres humanos constróem literalmente o acto antes de o consumarem. O rato num labirinto passa por um longo e demorado processo de ensaio-e-erro, mas, nos seres humanos, esse ensaio-e-erro pode ocorrer de forma encoberta, na mente da pessoa, antes de ela começar sequer a movimentar-se. Isso constitui, necessariamente, um processo de imaginação, reflexão e pensamento.
Normalmente, no mundo animal, o organismo é bombardeado por estímulos provenientes do meio ambiente, mas, na vida humana, o organismo faz objectos a partir dos estímulos. Como as pessoas possuem símbolos significantes que lhes permitem dar nomes aos seus conceitos, elas podem transformar meros estímulos em objectos reais. Os objectos não existem independentemente das pessoas. O objecto é sempre definido pelo indivíduo em termos das espécies de actos que uma pessoa pode executar em relação ao objeto. Um lápis é um lápis se posso escrever com ele. Uma paisagem marinha é uma paisagem marinha quando dou valor ao acto de contemplá-la. Uma garrafa de uísque é uma bebida quando formulo a ideia de a beber (ou não beber, conforme o caso). Os objectos tornam-se os objectos que são através do processo de reflexão simbólica do indivíduo e, quando o indivíduo imagina acções novas ou diferentes em relação a um objecto, este é transformado para ele.
Em suma, Mead viu a pessoa como um organismo biologicamente avançado, com um cérebro capaz de pensamento racional. Através do uso de gestos significativos e da adopção de papéis, a pessoa torna-se um objecto para si mesma, isto é, ela vê-se como os outros a vêem. A pessoa internaliza essa visão geral do eu e comporta-se coerentemente com tal visão. Através do processo de reflexão mental, a pessoa planeia e repete mentalmente o comportamento simbólico, preparando-se para a subsequente interacção com os outros.

HERBERT BLUMER E A ESCOLA DE CHICAGO. Herbert Blumer foi, sem dúvida, o mais destacado apóstolo de Mead. De facto, o próprio Mead nunca usou a expressão interaccionismo simbólico. Foi Blumer quem criou o termo em 1937. Blumer referiu-se a esse rótulo «como um neologismo algo bárbaro que cunhei de um modo improvisado. [...] Seja como for, o termo agradou e tornou-se popular». Embora Blumer tivesse publicado artigos dispersos ao longo da sua carreira, somente após a sua publicação em 1969 de Symbolic Interactionism: perspective and method é que se tornou acessível uma visão unificada do seu pensamento. No primeiro capítulo desse livro, Blumer afirmou claramente a sua dívida para com Mead e a sua dedicação à ampliação e aperfeiçoamento da perspectiva interaccionista. As formulações de Blumer foram inteiramente coerentes com as do seu mentor, mas ele não se limitou a repetir meramente Mead: «Fui compelido a devolver a minha própria versão, tratando explicitamente de muitas questões cruciais que estavam somente implícitas no pensamento de Mead e outros, e cobrindo tópicos críticos pelos quais eles não estavam interessados».
Blumer iniciou o seu pensamento sobre interacção simbólica com três importantes premissas:

(1) «Os seres humanos agem em relação às coisas na base dos significados que as coisas têm para eles»;
(2) «[...] o significado de tais coisas deriva, ou decorre, da interacção social que um indivíduo tem com os seus semelhantes»;
(3) «[...] esses significados são manipulados e modificados através de um processo interpretativo usado pela pessoa no trato com as coisas com que se defronta».

Como veremos, Blumer criticava em numerosos aspectos a principal corrente da ciência social e um desses aspectos era o tratamento do significado. Blumer mostrou como a maioria das teorias da ciência do comportamento depreciava a importância do conceito de significado. Muitas teorias ignoram completamente o significado e outras colocam-no na categoria subordinada geral de factores antecedentes. Mas, no interaccionismo simbólico, o significado assume um papel central no próprio processo social.
Segundo Blumer, o significado pode ser encarado de três pontos de vista.

  • O primeiro é ver o significado como inerente ao objecto. Esta perspectiva provém do realismo, uma abordagem mais sobre a natureza do que sobre a sociedade.
  • A segunda teoria de significado atribui-o ao «acrescentamento psíquico». Sob este paradigma, o significado surge como resultado de certas orientações psicológicas internas da pessoa.
  • Mas a terceira perspectiva, nitidamente interaccionista, identifica o significado como produto da vida social. Seja qual for o significado que uma pessoa tem para uma coisa é sempre o resultado dos modos como outras pessoas agiram em relação a ela, a respeito da coisa que está sendo definida. Uma pessoa não pode ter significado para alguma coisa independentemente da interacção com outros seres humanos.

O que distingue a concepção interaccionista do significado é a sua ênfase sobre a interpretação consciente. Um objecto passa a ter significado para a pessoa no momento em que o indivíduo considera conscientemente, reflecte e pensa sobre o objecto, ou o interpreta. Esse processo de tratamento de significados converte-se numa conversação interna — ou discurso interior — dentro da pessoa: «O actor selecciona, confere, suspende, reagrupa e transforma os significados à luz da situação em que está colocado e da direcção que imprimiu à sua acção». Esse processo interno, recorde-se, é idêntico ao conceito de Mead de reflexão mental (mind).
Blumer sublinhou a importância dessa noção de significado para toda a perspectiva de interacção simbólica. Essas três premissas sobre significado são o esqueleto para o pensamento de Blumer e a carne é fornecido pelo que ele chamou as suas «imagens radicais» (root images). Essas imagens cobrem os tópicos da vida em grupo, interacção social, natureza dos objectos, pessoas como actores, natureza da acção humana e interligações das acções individuais na sociedade. Examinemos, um por um, cada um desses tópicos.

SOCIEDADE E INTERACÇÃO SOCIAL. Blumer reiterou o ponto de vista de Mead de que a sociedade nasce das interacções individuais. Nenhuma acção humana existe separada da interacção. Quase tudo o que uma pessoa é e faz é formado no processo de interactuar simbolicamente com outras pessoas. A interacção consiste num mútuo levarem-em-conta e responder, e a sociedade resulta de cada pessoa coordenar a sua própria conduta como a dos outros. Mas a vida em grupo e a conduta individual modelam-se através do processo em curso de interacção simbólica.

OBJECTOS. O mundo da pessoa consiste em objectos. Blumer tratou os objectos de um modo essencialmente idêntico ao de Mead. Para Blumer, os objectos eram de três tipos: físicos (coisas), sociais (pessoas) e abstractos (ideias). Os objectos adquirem significado através da interacção simbólica. Os objectos podem ter significados diferentes para pessoas diferentes, dependendo da natureza das acções dos outros em relação à pessoa, no que tange ao objecto definido. Um agente policial em Watts (bairro negro de Los Angeles) pode significar algo muito diferente para os cidadãos dessa área do que um agente policial significa para os cidadãos de Beverly Hills, por causa das diferentes espécies de interacções entre os residentes dessas duas áreas geográficas imensamente diferentes.

PESSOA E ACÇÃO HUMANA. O tratamento da acção por Blumer foi essencialmente o mesmo de Mead. Blumer viu o homem como actor, não reactor. O homem é capaz de actuar porque possui um eu, e, reiterando a concepção meadiana, o homem tem capacidade para actuar em relação a si mesmo como um objecto. Ao assumir imaginativamente os papéis de outros à sua volta, uma pessoa vê-se como os outros a vêem. Essa capacidade para actuar implica que o indivíduo pode lidar com situações problemáticas: «Em vez de ser meramente um organismo que responde ao jogo de factores sobre ou através dele, o ser humano é visto como um organismo que tem de lidar com aquilo que observa».
Ora, essa relação entre acção e eu é a característica distintiva da vida humana. A pessoa defronta-se com uma situação após outra, fornecendo de cada vez indicações a si mesma acerca das contingências na sua percepção consciente. Ela deve avaliar e interpretar a situação, e planejar uma resposta apropriada. Como disse Blumer: «A pessoa poderá realizar um trabalho deplorável na construção da sua acção, mas tem de construí-la». O que é visto como acção social ou de grupo é meramente o processo ampliado de muitos indivíduos de ajustamento das suas acções mútuas.

ACÇÃO SOCIAL. Uma das áreas primárias em que Blumer ampliou o pensamento de Mead foi a acção de grupo ou social. Blumer reconheceu a importância da «acção grupal» e adoptou medidas concretas para a definir. Uma acção conjunta de um grupo de pessoas consiste na interligação das suas respectivas acções separadas. Mas a acção grupal é distinta. Não é a mera soma das acções individuais que a constitui. Instituições tais como o casamento, o comércio, a guerra e o culto religioso são acções conjuntas. Entretanto, Blumer deu importante destaque ao perigo potencial no estudo da actividade grupal. Embora a acção de grupo seja uma Gestalt em si mesma, ela baseia-se, entretanto, em actos individuais e é erróneo considerar a conduta grupal independentemente das acções individuais dos participantes: «Os participantes ainda têm de guiar os seus respectivos actos, mediante a formação e uso de significados».

Blumer formulou três observações básicas acerca das interligações ou interacções.

  • Em primeiro lugar, assinalou que a maior porção da acção de grupo numa sociedade avançada consiste em padrões altamente estáveis e recorrentes. Essas instituições numa sociedade possuem significados comuns e preestabelecidos. Em virtude da alta frequência de tais padrões, a tendência dos estudiosos é para tratá-los como estruturas ou entidades. Contudo, Blumer advertiu-nos que não esquecêssemos que as novas situações decorrem sempre de problemas presentes que requerem ajustamento e redefinição. Mesmo no caso de padrões grupais altamente repetitivos, nada é permanente. Cada caso deve começar de novo com a acção individual. Por mais sólida que uma acção grupal pareça ser, ela permanece ainda enraizada no eu de cada ser humano: «É o processo social na vida grupal que cria e sustenta as regras; não são as regras que criam e sustentam a vida grupal».
  • A segunda observação feita por Blumer acerca de grupos é a natureza profunda e ampla de algumas das interligações. As acções individuais podem ser ligadas através de complicadas cadeias. Actores distantes podem, em última instância, ser interligados de diversas maneiras, mas, ao invés do pensamento sociológico popular, «uma cadeia ou uma instituição não funciona automaticamente por causa de alguma dinâmica interna ou requisitos sistémicos; ela funciona porque as pessoas, em diferentes pontos, fazem algo e o que fazem é um resultado de como elas definem a situação em que são chamadas a actuar».
  • A terceira observação vincula as primeiras duas. Com a compreensão de que os macrogrupos numa sociedade se baseiam na interacção simbólica individual, podemos perceber agora que os antecedentes e a formação básica dos indivíduos são de suma importância para definir a espécie de interacção que irá adquirir existência. O ponto principal, repetidamente descrito por Blumer, é que os grupos e instituições na sociedade não são organismos ou estruturas per se. Em primeiro lugar, e acima de tudo, são interligações de interacções simbólicas humanas básicas.

METODOLOGIA. A segunda ampla área em que Blumer foi mais além de Mead é a metodologia. Como a metodologia constitui a diferença primordial e notável entre as escolas de Chicago e Iowa, é especialmente importante analisar as ideias de Blumer sobre método. É impossível ler qualquer trecho mais extenso do livro de Blumer sem nos apercebermos de como esse tópico era vital para ele. Embora Mead não enfatizasse o método, Blumer sustentou que a própria natureza do interaccionismo simbólico está contida no seu método. Blumer tinha algumas opiniões vigorosas sobre esse tópico, mas, depois de lermos alguns dos trabalhos de Kuhn, percebemos que o ponto de vista metodológico, no âmbito do interaccionismo simbólico, não é tão singular quanto Blumer nos induzia a crer.
O fundamento mais básico para a ciência do comportamento, segundo Blumer, deve ser o mundo empírico: «Esse mundo empírico deve ser sempre o ponto central de interesse. É o ponto de partida e o ponto de regresso no caso da ciência empírica». Entretanto, não podemos subestimar o papel do observador na verificação empírica. Coerente com a perspectiva interaccionista simbólica, a realidade só existe através da experiência humana. Nas palavras de Blumer, «é impossível citar um único caso de caracterização do “mundo da realidade” que não seja vazado na forma de imagens mentais humanas».
Nesse contexto, existem dois perigos potenciais para a pesquisa. O primeiro é a concepção de que a realidade no mundo empírico é imutável e existe para ser «descoberta» pela ciência. Outro perigo afim é a convicção de que a realidade é melhor consubstanciada em termos da física. Ambas essas concepções já espalharam a devastação no campo da pesquisa da ciência social: «Forçar todo o mundo empírico a ajustar-se a um esquema que foi criado para determinado segmento desse mundo é dogmatismo filosófico e não representa a abordagem da genuína ciência empírica».
A investigação, na sua forma ideal, deve envolver seis aspectos principais.

  • Em primeiro lugar, o pesquisador deve possuir e fazer uso de algum quadro de referência ou modelo do mundo empírico. A pesquisa não pode ser abordada em níveis abstractos que não incluem um quadro prévio do mundo tal como realmente é.
  • Em segundo lugar, o pesquisador precisa formular interrogações sobre o mundo, as quais devem, em última instância, ser equacionadas como problemas.
  • Em terceiro lugar, deve existir uma determinação da espécie de dados a procurar, e uma avaliação dos métodos pelos quais os dados podem ser obtidos.
  • Em quarto lugar, o pesquisador precisa determinar padrões de relações entre os dados colectados.
  • Em quinto lugar, é necessária a interpretação dos resultados obtidos e,
  • finalmente, o investigador deve conceituar o que foi descoberto.

Foi nesse ponto que Blumer desfechou as suas críticas mordazes à corrente principal do método da ciência social:

«A esmagadora maioria do que hoje passa por ser metodologia é composta de preocupações tais como as seguintes: criar e usar sofisticadas técnicas de pesquisa, usualmente de um carácter estatístico avançado; construir modelos lógicos e matemáticos, guiados com excessiva frequência pelo critério de elegância; elaborar esquemas formais sobre como construir conceitos e teorias; aplicar com valentia esquemas importados, como a análise de input-output, a análise de sistemas e a análise estocástica; conformismo estudioso aos cânones do plano de pesquisa; e promoção de um procedimento particular, como a pesquisa sistemática, como o método do estudo científico. Espanta-me a suprema confiança com que essas preocupações são proclamadas a substância da metodologia. Muitas dessas preocupações [...] são grosseiramente inadequadas, na simples base de que lidam somente com um aspecto limitado do acto pleno de investigação científica, ignorando questões tais como premissas, problemas, conceitos, etc. Mais sério é o seu fracasso quase universal em enfrentar a tarefa de descrever os princípios de como esquemas, problemas, dados, conexões, conceitos e interpretações deverão ser construídos, à luz da natureza do mundo empírico sob estudo».

Através de todos esses métodos tradicionais, quatro procedimentos generalizados são seguidos, de acordo com Blumer. Essas abordagens fracassam como métodos realistas para validação empírica. São eles: «(a) a adesão a um protocolo científico, (b) a reprodução de estudos de pesquisa, (c) a confiança na verificação de hipóteses, e (d) o emprego dos chamados procedimentos operacionais».
Se os meios usuais de pesquisa são inadequados, o que foi que Blumer propôs como alternativa? Sustentou ele que os pesquisadores devem desenvolver o conhecimento participativo em primeira mão dos fenómenos investigados. O cientista poderá chamar “soft” à observação participativa, mas, na realidade, é um processo rigoroso de descoberta da verdadeira natureza do mundo. Esse tipo de método consiste em dois estágios:

O primeiro estágio é o que Blumer chamou exploração. A exploração é uma técnica de sondagem minuciosa e altamente flexível em que o investigador usa qualquer método ético de obtenção de informações. No estágio de exploração, o investigador deve avançar de técnica para técnica, de maneira flexível e confortável, a fim de obter um quadro amplo e realista da área sob investigação. As técnicas podem ir desde a observação directa à entrevista, desde «escutar» conversações até à análise de biografias, desde a leitura de cartas e diários até à consulta de registros públicos. Não existem directrizes formais a serem obedecidas, e quaisquer procedimentos usados têm de se adaptar à situação.

O segundo estágio é mais focalizado. Depois de se determinar a natureza geral do fenómeno, o pesquisador inicia a inspecção. A diferença primordial entre exploração e inspecção é profundidade e foco. Segundo Blumer, a inspecção «é um exame concentrado e intensivo». Esse exame deve ser feito no contexto da área que está a ser investigada.

ERVING GOFFMAN E A AUTO-APRESENTAÇÃO. É impossível apresentar em algumas linhas tudo o que se ordene em sociologia sob o termo de «interaccionismo», de Blumer ao grupo de Palo Alto, passando por Goffman... Não são os papéis, as normas e os valores que comandam a acção social, mas as relações cara a cara nas quais os actores põem em prática estratagemas e competências que fixam as suas identidades e realizam as de outrem. Ainda aí as noções de sociedade e de indivíduo estão longe de serem fundamentais, porque aquilo a que se chama as «realidades sociais» é tão-só o produto dessas interacções.
Sob reserva de se considerar a interacção como um nível microssociológico no qual se movem os mecanismos centrais do sistema, o que não é, falando com rigor, um interaccionismo, o objecto do interaccionismo é considerado como uma realidade independente e criadora que não reclama a ideia de sistema social. É o que muito bem diz Goffman: «Eu não me ocupo da estrutura da vida social, mas da estrutura da experiência individual da vida social. Pessoalmente dou prioridade à sociedade e considero os empenhamentos de um indivíduo como secundários: este trabalho não trata pois senão daquilo que é secundário». Maneira elegante de dizer que o actor e o sistema estão separados e que o indivíduo não é definido pela interiorização do social; na verdade, é o sistema que não tem «importância».
O actor de Goffman é definido pela interacção na qual está empenhado; todavia, ele não tem em vista nem as normas nem os valores derradeiros da sociedade, mas simplesmente o sucesso que lhe permite ser reconhecido por outrem. O sucesso assenta, não em critérios objectivos globais, mas na capacidade de manter a interacção e de fazer com que seja nela aceite com proveito seu. É, por outro lado, esta necessidade de manter a própria interacção que reclama estratégias de evitação e de civilidade. O problema maior do actor é, pois, o da «face», da encenação de si no seio de uma vida quotidiana que funciona ela própria como uma encenação. Esta face não é a expressão do indivíduo clássico e do seu Ego, porque nada há por detrás da face, e o leitor de Goffman move-se num mundo sem «motivações», sem «interioridade». Prosseguindo nas metáforas de que Goffman gosta, digamos que não há pessoa por detrás da personagem, nada para além do «exterior» dos encontros. As interacções não resultam de acções já organizadas que se cruzam e se harmonizam, elas desenrolam-se no seu tempo próprio e num espaço de apresentações de si que não tem outra finalidade que não seja o reconhecimento de outrem. O indivíduo surge como um «empreendimento de papéis» que tem por finalidade que ele seja credível para os outros. A interiorização dos papéis só é efectiva na medida em que é necessária a credibilidade; de outro modo, o actor representaria em falso. A acção não é a unidade primeira, porque ela só existe na interacção que lhe fixa os limites e aquilo que está em jogo. «A natureza mais profunda das relações entre as pessoas está à flor da pele, é a pele dos outros. [...] O Ego é o que podemos dizer do indivíduo quando interpretamos o lugar que ele ocupa na organização de uma actividade social, interpretação confirmada pelo seu comportamento expressivo».
Compreende-se facilmente por que razão a teoria de Goffman pode ser vista como cínica: «Eis uma pintura da sociedade na qual existem cenas, mas não intrigas. Do mesmo modo que não há nem intriga nem história nesta sociologia, tão-pouco há nela “caracteres” (no sentido teatral do termo): as acções das personagens nada mudam na vida delas. Há somente uma série sem fim de adaptações». Lapeyronnie sublinha, no entanto, que existe um segundo Goffman, o dos Asiles, para o qual a instituição total destrói a individualidade. Quando a interacção estigmatiza, ela não destrói somente o «exterior» do indivíduo, ela atinge aquilo a que há que, de facto, chamar o seu «Ego». O poder mobilizado por uns e a resistência manifestada por outros conduziriam então a «ressocializar» a imagem goffmaniana do actor. Mas é forçoso verificar que não se trata de uma corrente central de uma obra sem indivíduo e sem sociedade, pelo menos no sentido dado a estes conceitos pela sociologia clássica.
Um dos mais prolíficos sociólogos dos nossos dias é Erving Goffman. Como interaccionista simbólico da tradição dramatúrgica, ele analisa o comportamento humano como uma metáfora teatral. O contexto habitual de interacção é um palco. As pessoas são actores, estruturando os seus desempenhos para impressionar a "plateia". Segundo Goffman, a comunicação interpessoal é uma representação através da qual são projectados vários aspectos do eu. As análises de Goffman nos seus vários livros são microanálises em seu âmbito e extremamente detalhadas. Seria impossível apresentar aqui todos os seus conceitos. Optamos por examinar as suas principais ideias e premissas.
As observações de Goffman de quase 20 anos estão disseminadas nos seus numerosos livros, tornando a síntese muito difícil. Felizmente, o próprio Goffman forneceu um quadro de referência teórico que descreve, em linhas gerais, a sua abordagem global do estudo do comportamento humano. Depois de recapitularmos esse conjunto inicial de premissas, retomaremos a algum material que está especificamente relacionado com a comunicação interpessoal.
Goffman iniciou a sua argumentação com o pressuposto de que a pessoa, ao defrontar-se com determinada situação, deve atribuir, de algum modo, um nexo ou organizar os eventos percebidos. O que emerge como um acontecimento organizado para o indivíduo converte-se na realidade do momento para essa pessoa. Isso é uma premissa fenomenológica, a qual afirma que o que é real para uma pessoa resulta da definição da situação nessa pessoa. (Isso constitui um desenvolvimento de um dos conceitos fundamentais do interaccionismo simbólico.)
Uma reacção típica de uma pessoa a uma nova situação é a interrogação: “O que está a acontecer aqui?” A definição da situação pela pessoa fornece uma resposta. Com frequência, a primeira definição não é adequada e poderá fazer-se necessária uma segunda leitura, como no caso de um trote, um equívoco ou uma interpretação errada. Esta última noção é importante para Goffman porque ele observou sermos frequentemente ludibriados e enganarmo-nos uns aos outros nas nossas relações.
Vários termos elucidam essa abordagem geral. Uma faixa (strip) é qualquer sequência arbitrária de actividade. Uma estrutura (frame) é um elemento básico de organização usado na definição de uma situação. A análise de estrutura (frame analysis) consiste, pois, no exame dos processos pelos quais a experiência é organizada para o indivíduo. O que a estrutura (ou quadro de referência) faz é permitir à pessoa identificar e entender o que, de outro modo, são eventos desprovidos de sentido; confere significado às actividades correntes da vida. Uma estrutura natural é um evento não-guiado da natureza, com o qual o indivíduo deve enfrentar-se. Uma estrutura social, por outro lado, é vista como guiada e controlável por alguma inteligência. Assim, os seres humanos possuem algum sentido de controle quando ingressam na estrutura social. É claro, esses dois tipos de estruturas primárias inter-relacionam-se, uma vez que os seres sociais agem sobre a ordem natural e são, por sua vez, influenciados por ela. A importância das estruturas primárias para a cultura é demonstrada no seguinte excerto:

«Consideradas no seu conjunto, as estruturas primárias de determinado grupo social constituem um elemento central da sua cultura, especialmente na medida em que emergem entendimentos a respeito das classes principais de esquemas, as relações mútuas dessas classes e a soma total de forças e agentes que esses propósitos interpretativos reconhecem estar à solta no mundo».

Este ponto de vista de que uma cultura é definida, em parte, por suas definições de situações é compatível não só com as ideias centrais do interaccionismo simbólico mas também com muitas teorias de significado.
O quadro de referência primário é a unidade básica da vida social. Goffman assinalou minuciosamente os vários modos como as estruturas primárias podem ser transformadas ou alteradas para que diferentes fins sejam satisfeitos por princípios organizacionais semelhantes. Um jogo, por exemplo, tem por modelo um combate, mas a sua finalidade é muito diferente. Assim, uma grande parte dos nossos quadros de referência não são absolutamente primários, embora tenham por modelo eventos primários. Os exemplos incluem os jogos, o teatro, os ardis (bons e maus), as experiências e outras invenções. Com efeito, o que acontece na comunicação interpessoal comum envolve com frequência essa espécie de actividade secundária, incluindo representações teatrais, invenções e embustes.
E agora, tendo como base essa abordagem teórica geral, chegamos às ideias centrais de Goffman sobre comunicação. As actividades de comunicação, como todas as actividades, devem ser consideradas no contexto da análise de estrutura. Começaremos com o conceito de interacção face-a-face (face engagement). Uma interacção face-a-face ou encontro ocorre quando as pessoas se entregam a uma interacção focalizada. As pessoas numa interacção face-a-face têm um único foco de atenção e uma só actividade mútua percebida. Na interacção não-focalizada, as pessoas em locais públicos reconhecem a presença umas das outras sem prestar atenção mútua. Nessa situação não-focalizada, o indivíduo é normalmente acessível ao encontro com os outros. Uma vez iniciada a interacção, existe um contrato mútuo para continuar a interacção até alguma espécie de término. Durante esse tempo, desenvolve-se e é mutuamente sustentada uma relação. As interacções face-a-face são verbais e não-verbais, e as pistas resultantes de um encontro são importantes tanto para significar a natureza da relação como para a definição mútua da situação.
As pessoas em interacção face-a-face falam cada uma por seu turno, representando pequenas cenas teatrais uma à outra. Contar histórias, que usualmente é a narração de eventos passados, consiste principalmente numa questão de impressionar o ouvinte mediante uma representação dramática. Conforme sugere Goffman:

«[...] frequentemente, o que os faladores se empenham em fazer não é dar informação a um ouvinte mas representar pequenas peças de teatro para uma plateia. Na verdade, parece que consumimos a maior parte do nosso tempo empenhados não em dar informações mas em oferecer shows. E observe-se que essa teatralidade não se baseia em meras exibições de sentimentos ou falsas demonstrações de espontaneidade ou qualquer outra coisa a que pudéssemos chamar depreciativamente uma encenação teatral. O paralelo entre o palco e a conversação é muito mais profundo do que isso. A questão é que, ordinariamente, quando um indivíduo diz alguma coisa, não a diz como uma declaração franca e desassombrada de um facto baseado na sua própria convicção e em seu nome pessoal. Ele está simplesmente recitando. Percorre toda uma faixa de eventos já determinados, para encantar ou cativar os seus ouvintes».

Ao cativar outras pessoas, o locutor representa determinado personagem diante do público. A pessoa divide-se em certo número de papéis e, tal como o actor no palco, representa este ou aquele personagem em determinado papel de interacção. Assim, na conversação comum, existe o actor e o personagem, ou o animador e a animação, e o ouvinte está perfeitamente disposto a envolver-se na caracterização que lhe está a ser apresentada.
Existem, é claro, outras situações de contacto à parte a conversação, em que o indivíduo também tem a oportunidade de apresentar o eu. Mesmo na interacção não-focalizada, pequenas cenas são apresentadas aos outros. Goffman acredita que o eu é literalmente determinado por essas dramatizações. Eis como Goffman explicou o eu:

«Uma cena correctamente encenada e representada leva o público a atribuir um eu a um personagem interpretado, mas essa atribuição — esse eu — é um produto de uma cena que se representa e não uma causa dela. O eu, portanto, como personagem representado, não é uma coisa orgânica que possui uma localização específica, cujo destino fundamental será nascer, amadurecer e morrer; é, outrossim, um efeito dramático que decorre difusamente de uma cena que é representada, e a questão característica, o problema crucial, é se ela será apreciada ou depreciada».

Ao tentar definir a situação, a pessoa passa por um processo em duas partes. Primeiro, a pessoa necessita de informação sobre as outras pessoas na situação. Segundo, ela precisa dar informações sobre si mesma. Esse processo de troca de informação habilita as pessoas a saberem o que se espera delas. Usualmente, essa troca ocorre indirectamente, mediante a observação do comportamento de outros e a estruturação do comportamento próprio de modo a suscitar certas impressões nos outros. A auto-apresentação é, em boa parte, uma questão de administração de impressões. A pessoa chega a influenciar a definição da situação projectando determinada impressão: «Ela pode desejar que os outros pensem muito bem dela, ou que pensem que ela pensa muito bem deles, ou que percebam o que, de facto, ela sente a respeito deles, ou que não obtenham qualquer impressão clara; a pessoa pode desejar assegurar suficiente harmonia, a fim de que a interacção possa ser mantida, ou defraudar, livrar-se, confundir, ludibriar ou insultar os outros».
Como todos os participantes numa situação projectam imagens, emerge uma definição global da situação. Normalmente, essa definição geral é bastante unificada. Uma vez fixada a definição, ocorre uma grande pressão moral no sentido de mantê-la, suprimindo contradições e dúvidas. Uma pessoa pode ampliar as suas projecções mas nunca contradizer a imagem inicialmente estabelecida. A própria organização da sociedade baseia-se nesse princípio.

«Por consequência, quando um indivíduo projecta uma definição da situação e dessa maneira formula uma pretensão implícita ou explícita a ser uma pessoa de um tipo particular, ele exerce automaticamente uma imposição aos outros, obrigando-os a apreciá-lo e a tratá-lo da maneira que as pessoas desse tipo têm o direito de esperar que as tratem. Também renuncia implicitamente a todas as pretensões a ser coisas que ele não parece ser e, por conseguinte, abre mão do tratamento que seria apropriado para tais indivíduos. Os outros descobrem, pois, que o indivíduo os informou sobre o que é e sobre o que eles devem ver o “é”».

Se a representação vacila ou é contraditada por outras cenas ulteriores, a consequência para o indivíduo e para a estrutura social pode ser grave. Goffman usou essa postura básica nas suas detalhadas análises da vida pública. Ele mostrou como essa noção de auto-apresentação ocorre no comportamento verbal e não-verbal de todos os contextos públicos. Para nós, Goffman demonstra a importância da auto-apresentação para a comunicação interpessoal.


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(Seminário dedicado ao Interaccionismo Simbólico)
J Francisco Saraiva de Sousa

2 comentários:

Thaisa Bueno disse...

Olá Francisco, por acaso vc chegou a publicar algum artigo científico, ou trabalho de pesquisa em algum periódico. Seu texto é muito esclarecedor, gostaria de ler mais.
um abraço

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Olá Thaisa,

Sim, tenho alguns artigos publicados em revistas: o interaccionismo abordo num artigo sobre Habermas; de resto trato-o nas aulas.