sexta-feira, 20 de julho de 2007

Aristóteles e a Dignidade da Política

Reintroduzir o ensino da Política nos programas
O conceito aristotélico de política deve ser repensado, retomado e reavivado: a política como acção e cidadania.
Regressar a Aristóteles é retomar a filosofia política e, ao mesmo tempo, rejeitar em bloco a chamada ciência política. Esta última mais não é do que uma técnica de adaptação colocada ao serviço de qualquer tipo de poder instituído.
Numa sociedade que condena a maioria das pessoas à luta pela mera sobrevivência, torna-se urgente repensar a política como uma esfera potencial de participação e de mudança social qualitativa. O declínio dos partidos políticos e da política oficial mostra que a política é vista como uma tarefa metabolicamente reduzida: os governantes não governam, governam-se. A política portuguesa metabolicamente reduzida e exercida sem aptidões especiais está completamente desacreditada. Perdeu a pouca dignidade que tinha e converteu-se em fonte de rendimento para homens e mulheres de inteligência reduzida e destituídos de conhecimento. Esta política metabolicamente reduzida e sem qualidade foi inventada pelo PSD.
O descrédito da política portuguesa deve-se fundamentalmente ao PSD e seus governos pseudo-competentes: um partido formado por corpos maquiavélicos sem a erudição e a inteligência maquiavélica. O PSD bebe actualmente o seu próprio veneno e o CDS está em queda acelerada. O PS não está a saber aproveitar a oportunidade de fazer algo pelo futuro de Portugal.
O governo fala em investigação, depois na qualidade do ensino, mas não se vê nada de qualitativamente novo: diplomas ou pseudo-diplomas são falsas cifras que dão emprego a meia dúzia de idiotas. A investigação antes do ensino de qualidade é uma ideia estranha e sintomática, própria daqueles que desconhecem o assunto.
Uma ideia simples era reintroduzir novamente a política no ensino, com um programa ousado e criativo, sem sobrecarga histórica vazia, aberta à participação e ao debate filosófico de temas actuais.
A democracia não é um sistema garantido e, considerada como tal, é falsa: a democracia é uma luta permanente pela sua conquista virtual e esse espírito de luta virtuosa pode ser aprendido, não pelo exemplo de políticos metabolicamente reduzidos e sem cultura, mas pelo esforço do pensamento conceptualmente dirigido.
Mais outro pensamento: as áreas do conhecimento não pertencem a ninguém e quem se julga detentor de uma área, dizendo «esta é a minha área, no sentido sou eu», é um tremendo idiota. Os portugueses sofrem frequentemente deste tipo de idiotia e dividem o conhecimento como se estivessem a dividir um bolo irreal, isto é, a sua ausência de conhecimento e a fragilidade do seu self
O PS deve projectar a educação com verdade e não com falsidade: o choque tecnológico deve começar pelo governo e seus clientes.
J Francisco Saraiva de Sousa

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